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No Episódio De Hoje:

Neste episódio iremos discutir:

  • Um novo estudo que mostra como é possível se reverter a condição de pré-diabetes em 100% dos casos (?!)
  • Talvez o “truque” mais simples do mundo para aliviar o estresse automaticamente.
  • A força da indústria de corromper organizações “sérias”.
  • O que comemos na última refeição.

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Referências do Episódio

 

Estudo de reversão do pré-diabetes em 100% dos casos

Estudo sobre área verde e estresse

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá. Bom dia, boa tarde. Você está ouvindo o episódio número 36 do podcast oficial da Tribo Forte. Esse é o podcast número 1 do Brasil na categoria saúde. Você está ouvindo o podcast oficial da Tribo Forte, com o Rodrigo Polesso e o Dr. José Carlos Souto. Assuntos como emagrecimento, saúde, alimentação e estilo de vida são tratados de forma imparcial doa a quem doer. Para se tornar um membro da Tribo Forte, entre em TriboForte.com.br. Hoje o podcast está recheado de assuntos importantes e recentes. Falaremos sobre reversão de pré-diabetes – o que saiu de novo a respeito disso. Falaremos também sobre proteínas, carboidratos e alimentação. Falaremos também sobre o truque mais fácil do mundo para se aliviar o stress. Saiu um estudo recente sobre isso. Acho que você vai gostar de entender como você pode acessar esse poder para baixar o stress. Afinal, nosso motto aqui na Tribo Forte é: “saúde, boa forma e estilo de vida.” Falaremos sobre tudo o que pode te ajudar em relação a isso… à saúde… a perder peso… boa forma… e sobre o estilo de vida perfeito para você. Boa tarde, Dr. Souto. Tudo bem?

Dr. Souto: Boa tarde, Rodrigo. Boa tarde, ouvintes.

Rodrigo Polesso: Começaremos hoje falando de um estudo novo que saiu agora. Ele é um ensaio clínico randomizado. É o nível mais alto de evidência que conhecemos. Ele fala sobre a reversão do pré-diabetes. O Dr. Souto está louco para falar sobre esse assunto. Vou introduzir o assunto rapidamente com dois parágrafos rápidos para você poder acompanhar com a gente. Esse assunto provou que é possível reverter o pré-diabetes, revertendo os níveis de tolerância de glicose no sangue para níveis normais em adultos obesos com uma dieta mais alta em proteína – em comparação com uma dieta alta em carboidrato. Nesse ensaio clínico randomizado, 24 pré-diabéticos foram recrutados (homens e mulheres). Eles deram uma dieta “alta em proteína” para um grupo, que na verdade é de 30% proteína, 30% gordura e 40% carboidrato. Dá para ver que não é uma dieta muito baixa em carboidrato. O outro grupo recebeu uma dieta de 15% proteína, 30% gordura e 50% carboidrato. As dietas duraram 6 meses. O resultados foram que, com a dieta que eles chamam de “alta proteína”, 100% das pessoas que estavam nesse grupo reverteram o pré-diabetes. Eles voltaram a tolerar a glicose normalmente. Somente um terço do grupo de alto carboidrato conseguiu estabilizar o pré-diabetes. Outros marcadores (inflamação, sensibilidade à insulina, stresse, oxidação, percentagem de massa magra) também melhoraram. O importante é mostrar que 100% das pessoas que fizeram essa modificação conseguiram reverter a condição do pré-diabetes. E isso foi com uma dieta que nem foi baixa em carboidratos, já que teve 40% de carboidratos. Com essa introdução, podemos começar a falar sobre a utilidade desse estudo.

Dr. Souto: Esse estudo é fascinante. Ele é muito interessante em uma série de aspectos. Primeiramente, o resultado é espantoso. Os pacientes restringiram os carboidratos de uma forma muito moderada, mas reduziram seu pré-diabetes. A segunda coisa é que é um ensaio clínico randomizado. Podemos chegar à conclusão que essa mudança de dieta causa uma regressão na pré-diabetes. A terceira coisa é que ambos grupos fizeram uma restrição calórica. No protocolo do estudo estava incluído o fato de que se media qual era a necessidade calórica de cada pessoa para ela manter o peso, sem aumentar ou diminuir. Com isso, eles subtraíam 500 calorias. Então, o estudo também tinha como objetivo produzir a perda de peso por restrição calórica. A restrição calórica foi igual nos dois grupos, mas o grupo que manteve o carboidrato alto (que é a maneira como os nutricionistas aprendem na faculdade), mesmo restringindo as calorias e mesmo perdendo peso, apenas um terço melhorou seu pré-diabetes.

Rodrigo Polesso: Quer dizer, então, que qualidade é mais importante do que quantidade?

Dr. Souto: Exatamente. Esse estudo foi perfeito nesse sentido. Ele não foi um estudo com um grande número de pacientes, e isso permite que ele seja bem controlado. Ele tinha apenas 12 pacientes em cada braço. Esses pacientes pacientes receberam toda a alimentação fornecida pelo estudo. Isso garante que as pessoas estavam comendo da forma que o protocolo especificava. A restrição calórica foi a mesma nos dois grupos. A perda total de peso foi a mesma nos dois grupos. Todo mundo sabe que emagrecer é uma coisa que ajuda a melhorar a pré-diabetes ou diabetes. Mas os dois grupos emagreceram a mesma coisa e restringiram o mesmo número de calorias. Porém, no grupo que restringiu um pouco o carboidrato e aumentou a proteína, 100% dos pacientes reverteram o pré-diabetes para a situação normal. No outro grupo, que come da forma que os nutricionistas aprendem na faculdade (55% de carboidratos), mesmo perdendo peso e restringindo calorias, somente um terço melhorou. Esse estudo é diferente, já que aumentou proteína e não gordura. Mas o fato é que ficou estabelecido, num ensaio clínico randomizado, que não é tanto a perda de peso nem a restrição calórica, mas sim a restrição de carboidratos e – nesse caso – associada ao aumento de proteínas que fez a diferença.

Rodrigo Polesso: Que tipo de carboidratos que foi administrado para essas pessoas?

Dr. Souto: Eu teria feito o estudo de forma diferente. Eles utilizaram carboidratos oriundos de frutas, raízes e grãos integrais. O outro grupo provavelmente consumia grãos que não eram integrais e em quantidade maior. O que esse estudo está mostrando é que uma intervenção de baixa potência (uma diminuição relativamente pequena na quantidade de carboidratos) associada ao aumento de proteínas já é capaz de produzir um grande efeito. Imagine, Rodrigo, uma intervenção potente! Imagine cortar todos os tipos de grãos, pães, massas e doces dos pacientes, mas comendo frutas e raízes à vontade (respeitando o desenho original do estudo) e aumentando proporcionalmente a quantidade de proteínas – estaríamos fazendo uma intervenção menos rigorosa do que a normalmente propomos e tendo benefícios fantásticos. Pré-diabetes é uma coisa comum. Estou com um estudo aberto aqui sobre isso. Se calcula que nos Estados Unidos 86 milhões de pessoas têm pré-diabetes, numa população de 300 milhões. A conversão de intolerância à glicose de pré-diabetes para diabetes tipo 2 é de cerca de 10% por ano. Ou seja, 10% dessas 86 milhões de pessoas virarão diabéticos tipo 2 a cada ano se não se fizer nada. No entanto, temos uma estratégia simples, barata, que não usa remédios, com uma discreta redução de carboidratos e que provoca esse tipo de efeito.

Rodrigo Polesso: É um problema que leva uma vida inteira para ser construído e em 6 meses, com uma intervenção fraca, as pessoas conseguiram reverter.

Dr. Souto: Não é fantástico? Tem outro dado mostrado na introdução do estudo que vale a pena ser citado. Pessoas cujo índice de massa corporal vai de 23 para mais do que 35… índice de massa corporal de 23 é normal… acima de 25 é sobrepeso… acima de 30 é obesidade… Quem tem 23 anos 20 anos de idade, tem peso normal. Mas com mais de 35 de massa corporal a pessoa tem muito mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 – não é 2 vezes, nem 10 vezes, mas sim 93 vezes mais chances de diabetes tipo 2. Então, cuidar do peso não é somente uma questão estética.

Rodrigo Polesso: O peso, geralmente, é a ponta do icebergue. Ele é somente mais uma consequência do problema raiz que está acontecendo. Já falamos sobre um ponto várias vezes no podcast… esse estudo cita duas palavras problemáticas: “alta proteína”. A alta proteína do grupo deles é de 30% de proteína na dieta e o segundo grupo é de 15%. Costumamos dizer que, independente da dieta, o consumo de proteína tende a se manter estável em torno de 25%. Então, a dieta que eles estão chamando de “alta proteína” foi um aumento de 5% em comparação com a média. Isso, ao meu ver, não é uma dieta de alta proteína (comer só proteína). Queria deixar essa questão bem clara.

Dr. Souto: Na realidade, eles tinham que dar nomes para os grupos. Um grupo foi chamado de alto carboidrato e outro grupo foi chamado de alta proteína, simplesmente porque um grupo tinha mais proteína do que o outro. Esse 30% de proteína está sendo dado em percentual, mas é 30% de proteína em uma dieta hipocalórica. Então, eles estavam comendo pouca comida e, dessa quantidade, 30% era proteína. Isso não chega a ser hiperproteica na quantidade absoluta (gramas) de proteína. Segundo o que está referenciado no próprio estudo, 30% de proteína está no limite superior daquilo que é aceito pelas diretrizes atuais nos Estados Unidos. Então, não é uma dieta eloquentemente cheia de proteínas – ninguém estava consumindo Whey Protein ou clara de ovo pura. É simplesmente uma dieta com mais proteína e outra com menos. Achei o estudo interessante também por outro viés. Existem pessoas que tem mais medo de gordura na dieta. Existem pessoas que tem mais medo de proteína na dieta. Na realidade, quando olhamos a literatura, todo mundo tinha que ter medo de carboidrato na dieta. Nós temos estudos de low carb com alta gordura e isso mostra resultados excelentes para a diabetes. Nós temos agora um estudo de low carb com alta proteína, e ele mostra resultados excelentes para diabetes. Então, o que funciona para diabetes, é restringir carboidratos. Essa é a mensagem. Todo carboidrato que você comer, não importa que seja um pirulito ou uma banana, será convertido em glicose no seu processo digestivo. Os pacientes foram selecionados por terem uma curva de intolerância à glicose alterada, uma glicemia em jejum alterada, mas não chegava aos níveis de diabetes. Se o critério de diagnóstico da doença é que a pessoa tolera mal a glicose… quando ela come glicose a curva glicêmica dá mais alterada do que as pessoas normais… qual é o tratamento? O tratamento é diminuir a glicose na dieta. Nós estamos estudos com baixo carboidrato e o que entra no lugar é gordura – isso funciona para diabetes e pré-diabetes. Nós também temos estudos, como este, com baixo carboidrato e alta proteína – eles também funcionam. Se o problema de um paciente é dislipdemia (tendência a ter colesterol muito elevado), e ele quer fazer uma dieta de baixo carboidrato, comendo mais gorduras insaturadas para controlar o colesterol sem medicação… Para esse caso, essa alternativa desse estudo pode ser mais interessante. Mas vamos supor que outro paciente tenha alguma alteração na função renal… rins policisticos, uma doença hereditária que pode produzir insuficiência renal na vida adulta. Essa pessoa tem medo de proteína. Nem vou entrar na discussão se esse medo tem base científica ou não. Mas esse paciente acha que os rins podem piorar com a proteína. Então, ele optará por uma dieta low carb, com menos proteína e mais gordura. O importante é ser low carb.

Rodrigo Polesso: Dá para adaptar para todos os tipos de caso.

Dr. Souto: Exatamente. Tem havido uma discussão sobre isso entre os autores norte-americanos: devemos reduzir ou consumir mais proteínas? Parte dessa discussão se deve ao fato de que parte das proteínas tentem a aumentar a insulina. Como queremos deixar a insulina baixa, talvez a dieta deveria ser de baixo carboidrato, com proteína moderada e com mais gordura. Esse estudo aqui faz a gente parar e pensar. Ele está mostrando que, numa patologia onde a insulina é crucial (pré-diabetes), as pessoas melhoraram sua intolerância à glicose e sua sensibilidade à insulina após 6 meses de uma dieta com uma boa quantidade de proteína. Esse estudo é pequeno, mas é prospectivo, randomizado e com 6 meses. Ele mostra que o fundamental é a restrição de carboidratos. O efeito insulinogênico da proteína não parece ser importante no que diz respeito à resistência à insulina, pré-diabetes, diabetes e essas coisas. Não importa quantos estudos em camundongos mostrem o contrário – esse é um ensaio clínico randomizado em humanos que durou 6 meses, no qual a dieta foi fornecida pronta para que as pessoas seguissem o protocolo. As pessoas que comeram mais proteína e menos carboidratos reverteram completamente até chegar ao nível de normalidade total. Eles passaram a ter uma curva glicêmica normal depois de 6 meses.

Rodrigo Polesso: Não é pouca coisa. Você falou sobre medo de vários macro-nutrientes. Mas é importante falarmos sobre alimentos de verdade e substâncias comestíveis (o que é inventado, refinado, processado, modificado). A categoria que mais apresenta substâncias comestíveis é a categoria dos carboidratos.

Dr. Souto: Exatamente. Eu não me lembro onde eu li isso, mas me marcou. Numa caixa de cereal matinal, 97% do custo é a embalagem. Aquela coisa que tem lá dentro… flocos de milho com açúcar… é algo extremamente barato. Essas caixas podem ter 300 ou 400 gramas de cereal… e isso custa centavos.

Rodrigo Polesso: Você paga pelo marketing, pela embalagem…

Dr. Souto: Por esse motivo, as substâncias comestíveis são carboidratos, em geral. Eles são as coisas mais baratas. Quanto o critério é preço, não tem para ninguém.

Rodrigo Polesso: Com certeza. Isso não serve somente para as comidas. Ontem eu fiz um vídeo ao vivo no Facebook falando sobre o que saiu na revista Suplementação desse mês. Eu participei de uma matéria que falava sobre sucos de caixa, refrigerantes e etc. Esse é outro tipo de carboidrato comum. O suco de caixa não tem nada a ver com o suco da fruta. Até a água de coco tem vários ingredientes. Não importa se os refrigerantes são zero ou não… Eles são carboidratos também. Temos que tomar cuidado não somente com os sólidos, mas também com as bebidas.

Dr. Souto: Tem outro resultado muito importante desse estudo. Eles mediram a composição corporal das pessoas no início e no fim do estudo. Eles mediram com máquina de densitometria, que talvez seja o método mais preciso de mensuração do ponto de vista prático. Para ser mais preciso do que isso eles teriam que pesar as pessoas dentro da água e etc. Eles mostraram que ambos grupos perderam peso, já que ambos fizeram restrição calórica. Mas o grupo de alto carboidrato perdeu uma parte de gordura e uma parte de músculo. Já o grupo de alta proteína perdeu só gordura e ganhou músculo. Isso é muito importante. Tem uma lenda urbana que corre por aí, como uma galinha que perde a cabeça e continua andando.

Rodrigo Polesso: Igual a um rabo de lagartixa que continua se mexendo.

Dr. Souto: Exatamente. A lenda urbana é que numa dieta de baixo carboidrato as pessoas perdem músculos (massa magra). Esse é mais um estudo para ser adicionado à pilha de estudos que mostra que isso não é verdade. A dieta de alto carboidrato (do pão integral, barrinha de 3 em 3 horas e com 55% de carboidratos), que os nutricionistas até hoje aprendem na faculdade, é a dieta que provoca perda de gordura e de músculo (quando há restrição calórica).

Rodrigo Polesso: É de chorar sentado quando se percebe que um pessoal acha que músculo é constituído de carboidratos e não de aminoácidos… a única coisa que constrói coisas no corpo são as proteínas.

Dr. Souto: Exatamente. Podemos fazer poucas coisas com carboidratos… Podemos fazer amido, se formos plantas… Se formos bichos, podemos fazer glicogênio… O muco que sai do nariz é feito de carboidrato… Em termos de comida, podemos fazer doces… Amido em todas suas permutações (arroz, batata)… Mas músculo não é feito de açúcar. Músculo não é feito de amido. Músculo não é feito de amido. Vocês nunca verão uma batata se contraindo e pulando. As plantas não se mexem, normalmente. Músculo não é a especialidade delas. Músculo é feito de proteína. A batata é um órgão de armazenamento de energia para a planta. As plantas, preferencialmente, armazenam energia na forma de carboidratos (amido). Por que será que os animais não armazenam energia em grande quantidade na forma de glicogênio? Porque não ficamos com um barrigão de glicogênio? Como a gordura tem 9 calorias por grama, ela é uma forma muito mais eficiente e compacta de armazenar calorias em um ser que precisa se mover. Como o carboidrato tem uma densidade energética muito menor, nós teríamos que ter muito mais do que o dobro de volume que a gordura ocupa para carregar carboidratos. Por isso, o ser humano armazena energia na forma de gordura. Como diz o Dr. Jason Fung, não acumulamos lenha para botar o sofá na lareira e deixar a lenha empilhada. O sofá é um móvel permanente. O músculo também é permanente. Só vamos queimar o sofá se estiver em perigo de morrer de frio, por já termos queimado toda a lenha. Em uma pessoa em inanição, que já queimou seu glicogênio, já queimou sua gordura… ela começará a queimar o músculo. Pessoas na Etiópia ficam naquela situação horrível. Se fizermos uma dieta de baixo carboidrato e faltar glicose, o corpo passa a queimar o combustível mais óbvio que ele tem, que é a gordura. Se nosso corpo tivesse a preferência de queimar músculos por algum motivo inexplicável, quando comêssemos calorias demais, acumularíamos músculos para poder queimar depois. É inacreditável que pessoas com nível superior, que foram à faculdades ligadas à área da saúde consigam acreditar numa lenda urbana. Além dela ser contradita por ensaios clínicos randomizados como esse, ela simplesmente não faz o menor sentido. Existe uma coisa chamada de análise bayesiana. Bayes era um estatístico do século 18, se não me engano. Ele dizia que devemos computar nas probabilidades a plausibilidade de alguma coisa. Por exemplo: se tenho uma hipótese completamente improvável, mas um experimento sugere que aquilo acontece, tenho que multiplicar aquele resultado pela plausibilidade daquilo. Se uma coisa tem plausibilidade zero (ou próxima de zero), mesmo que um experimento sugira aquilo, eu tenho que multiplicar aquilo pela plausibilidade zero. Em outras palavras, é mais provável que esse experimento esteja errado, tenha sido mal conduzido, seja fraudado ou etc. A plausibilidade de acumular gordura como uma energia que consumimos a mais, mas na hora de queimar a gordura fica e queimamos o músculo… é algo de plausibilidade virtualmente zero. Obviamente, os estudos sérios mostram que isso não é verdade. Esse é apenas mais um que mostra que não é verdade.

Rodrigo Polesso: Falando em coisas difíceis de acreditar e carboidratos… Tenho uma coisa interessante para contar para o pessoal. Tem uma caridade no Reino Unido chamada Heart UK, que é uma organização non-profit, de caridade. É uma organização de “proteção ao coração”. Ele colocam um texto no Twitter dizendo o seguinte: “Para um café da manhã saudável para o coração, experimente o Cheerios com frutas e iogurte.” Cheerios é aquele sucrilhos matinal de aveia. Eles colocaram também a hashtag “mês do colesterol nacional”. O Dr. Aseem Malhotra, que é um cardiologista do Reino Unido e super respeitado, comentou sobre isso: “A captura corporativa de uma caridade respeitada é uma desgraça.” Essa caridade mencionou o @CheeriosUK na mensagem. É uma grande empresa de cereais. Foi uma propaganda deslavada, como se fosse a polícia divulgando o bandido.

Dr. Souto: A coisa mais caridosa que esse pessoal deveria fazer seria deixar de existir. O pessoal divide a cama com a indústria. Quando você divide a cama com alguém, você acaba tendo uns interesses comuns. O ético seria que essas instituições sem fins lucrativos colocassem nos seus marcos institucionais: “Não aceitamos doações da indústria alimentícia”. Nenhuma doação é gratuita. É igual uma doação política. Alguém acredita que uma empresa doa para um político ou partido sem interesse algum? Alguém já ouviu falar em operação Lava-Jato? Não existe doação desinteressada. Nesses emails da campanha da Hillary vazados pelo WikiLeaks, ficamos sabendo que a Coca Cola tentou influenciar a Hillary para que ela trabalhasse contra as taxações dos refrigerantes. Nós até falamos no outro podcast que eu (Souto) questiono se o governo deve taxar ou não essas coisas, mas não vem ao caso. O que vem ao caso é que a Coca Cola doou milhões para Hillary para que ela seja contra a taxação dos refrigerantes. Então, provavelmente a Heart UK recebeu um bom dinheiro para fazer propaganda do Cheerios. De fato, se você fizer um café da manhã com Cheerios, acho que seu colesterol vai diminuir – o que é irrelevante. Já sabemos que a manipulação do colesterol através da dieta não tem impacto nas doenças cardiovasculares. Isso está demonstrado em vários estudos prospectivos randomizados e metanálises. Isso já é sabido em 2016. Porém, como acabamos de mostrar, comer sucrilhos com leite desnatado e frutas no café da manhã aumenta seu risco de diabetes. Você fará parte do grupo de pré-diabéticos. Nesse grupo, 10% das pessoas terão um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2. E essas pessoas morrerão, na grande maioria, do coração. Hoje, 2016, o maior problema que leva as pessoas a morrerem do coração é o fato delas serem obesas, pré-diabéticas, diabéticas, sedentárias ou todas as acima.

Rodrigo Polesso: Se todo mundo começar a ficar saudável do coração, a Heart UK se torna desnecessário. Então, eles têm que trabalhar para manter a população doente. É como uma farmácia que também vende doença. Seria ótimo para uma farmácia vender a doença e o remédio junto. Veja que conveniente.

Dr. Souto: Esse tuíte foi tão revoltante… tão bizarro… que eu não consigo imaginar que seja somente por ignorância. Eu imagino que o pessoal do Cheerios chegou e disse: “Estamos doando alguns milhões para vocês. Vocês tem que tuítar.” O pessoal da organização deve ter pensado: “Como faremos isso?” Daí a Cheerios dá a ideia: “Aproveite que é o mês do combate ao colesterol e fala que vai combater seu colesterol. O importante é receber a grana.” Ou é isso ou é um nível de ignorância muito grande. Seria difícil a pessoa ter esse nível de ignorância, respirar e tuítar ao mesmo tempo.

Rodrigo Polesso: Se fosse tão burro assim não conseguiria respirar sem ocupar 90% do poder cognitivo. Outra coisa que aconteceu foi que a Associação Americana de Diabetes postou uma sobremesa que era boa para diabetes.

Dr. Souto: Era arroz de leite! Com leite condensado!

Rodrigo Polesso: O pessoal caiu em cima. Eles tiraram do ar e pediram desculpas. Não sei o que o Heart UK fez. Mas, obviamente, eles não viram a porcaria que a ADA tinha feito.

Dr. Souto: Acho que no penúltimo podcast comentamos sobre a estratagema dos anos 60 no qual a Associação dos produtores de açúcar comprou pesquisadores de Harvard para enfatizar os males da gordura e tirar a ênfase dos males do açúcar. Nós estamos colhendo hoje o que foi plantado naquela época. As pessoas estão preocupadas de forma patológica com a gordura – basta algo não ter gordura que está bom, para essas pessoas. Infelizmente, o vídeo saiu do ar, mas a sobremesa era arroz com açúcar. O açúcar era em pó mesmo. Depois, colocavam uma lata de leite condensado ali dentro. Daí minha um pau de canela. Quem é brasileiro, reconhecia o arroz de leite com leite condensado. Aquilo estava como uma receita para diabéticos. Eles realmente acreditam que 55% de carboidrato está valendo. “Dentro desses 55%, por que não um arroz de leite? O importante é não ter gordura.”

Rodrigo Polesso: Exatamente. Que absurdo.

Dr. Souto: Eu acho que daqui algumas décadas olharemos para trás e veremos isso com um estranhamento, assim como vemos pessoas na idade média que usavam sanguessugas para sugar as doenças. Olharemos para isso assim como olhamos terapias bárbaras bizarras do passado. Seria como uma caça às bruxas estivesse sobrevivendo no século XXI.

Rodrigo Polesso: Vamos falar sobre uma coisa boa agora. Falamos sobre estilo de vida aqui também. Saiu um estudo bem recente dizendo que olhar para árvores pode reduzir seu stresse, mesmo no meio da cidade. Esse estudo pegou 160 participantes, testou esses participantes e depois stressaram esses participantes. Eles pediram para esses participantes prepararem um discurso de última hora, ou fazer um teste de subtração na frente de um painel de jurados. Depois, esses participantes assistiram um vídeo de 6 minutos de 360 graus que mostrava o panorama de uma cidade. Mas esse panorama não era o mesmo para todas as pessoas. Algumas pessoas assistiam algumas árvores e outros panoramas mostravam ainda mais áreas verdes. Esses panoramas variavam de 0 a 70% de área verde. Não é um ensaio clínico randomizado, já que as próprias pessoas relataram o que sentiam. Mas eles perceberam que quanto mais área verde as pessoas viam, mais elas relatavam que o stresse baixava. Mesmo dentro da cidade, nós, seres humanos, quando entramos em contato novamente com a área verde nossos níveis de stress tendem a baixar naturalmente. O que podemos tirar de útil disso? Uma simples caminhada no parque abaixa seu stress naturalmente. Acho bacana espairecer. Caminhar no parque para desestressar não é uma lenda urbana… tem um fundo de verdade. Achei bastante interessante.

Dr. Souto: A maioria das coisas aqui é no improviso. Caso contrário, eu poderia ter trazido alguns estudos para corroborar. Alguns deles até têm um grau de randomização. Um deles comparava pessoas internadas com janelas que davam para a natureza e pessoas em quartos sem janela. A recuperação é diferente. Não era somente “self reported”, quando as próprias pessoas falam como estão se sentido – o estudo analisava quanto tempo a pessoa precisou ficar internada, melhora em infecções… coisas objetivas. Isso não é macumba… é um negócio sério.

Rodrigo Polesso: Faz sentido. Você encontrará os links no post desse episódio no EmagrecerDeVez.com. Cada episódio tem um post com as referências. Podemos começar uma hashtag “abrace uma árvore”. O pessoal que joga Pokémon poderia abraçar árvores. Essa foi a parte de estilo de vida no nosso podcast de hoje. Agora fecharemos com a nossa alimentação. Vou começar falando minha última refeição.

Dr. Souto: A sua é sempre mais criativa.

Rodrigo Polesso: Nem sempre. Essa foi simples. Foram duas belas tiras de salmão, feitas no óleo de coco, como uma salada de espinafre, rúcula, couve de folhas, semente de abóbora e gojiberry (adoro a textura da gojiberry). Temperei com sal e azeite de oliva. Eu compro uns pacotes que já vem vários tipos de salada misturada. Sempre tento comprar as orgânicas. É prático despejar aquilo dentro de uma cumbuca para fazer uma salada. Fica supimpa. Dr. Souto, qual foi sua refeição?

Dr. Souto: O de sempre. Bife de frango, salada, ovo… Bife de frango não é uma iguaria, mas com um ovo frito por cima aquilo se torna uma coisa maravilhosa. Se colocar uma fatia de queijo entre o ovo e o bife para derreter o queijo… até mesmo um bife requentado fica bom.

Rodrigo Polesso: Frango feito inteiro no forno é muito gostoso.

Dr. Souto: Feito no forno com pele é maravilhoso. O bife de frango na chapa fica gostosinho… mas com ovo ele se transforma. O ovo tem essa capacidade.

Rodrigo Polesso: Simples. Esse estilo de vida não é nada complicado. É prazeroso, fácil, flexível, dinâmico, saboroso… enfim, é tudo de bom. Vamos fechar esse podcast de hoje. Espero que tenha sido útil para você. Se você não é membro VIP da Tribo Forte, é só entrar em TriboForte.com.br e se juntar a esse movimento incrível que está mudando a saúde e qualidade de vida no Brasil. Um grande abraço para todo mundo. Um grande abraço, Dr. Souto. A gente se fala no próximo episódio.

Dr. Souto: Um abraço a todos.

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Fonte: https://emagrecerdevez.com
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