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Neste podcast:

  • Falaremos sobre essa onda dos PROBIÓTICOS;
  • “Segredo” na luta contra a demência;

Escute e passe adiante!!

Saúde é importante!

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Quer Emagrecer De Vez? Conheça o programa Código Emagrecer De Vez

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Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

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Alguns dos resultados REAIS de membros que estão finalizando os primeiros 30 dias do programa Código Emagrecer De Vez.

Gabriela
Jean
Jonas
Ness

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Caso de Sucesso do Dia

Referências

Probióticos

Matéria Sobre Como “Combater” a Demência com Cupcake

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá para você! Bom
dia! Bem-vindo a mais um episódio aqui do seu podcast semanal de saúde, o Tribo
Forte número 166 hoje! Eu sou o Rodrigo Polesso e hoje a gente vai focar um
pouco na questão de probióticos. Tem muito sendo dito por aí sobre probióticos,
não é verdade? Muita coisa sendo dita. Só que a maré está um pouco virando, ou
talvez a sobriedade está chegando sobre esse assunto. Mas, enfim, é um assunto
que ainda é bastante controverso e acho que a gente vai poder fazer uma discussão
bacana sobre isso também. Também vai ter uma pergunta da comunidade que pode
interessar muitas pessoas que estão nos ouvindo. E depois, na segunda parte,
tem uma coisa muito bizarra, que é difícil de acreditar que algumas coisas
acontecem em lugares que deveriam ser supostamente sérios. Mas a surpresa fica
para o final para você saber quão bizarra é essa área da saúde e quanta coisa
que a gente vê. É difícil parar de se surpreender com tanta asneira. Bom, deixa
eu dar as boas-vindas ao dr. Souto nesse novo episódio. Dr. Souto, tudo bem com
você? Preparado?

Dr. Souto: Tudo, tudo tranquilo. Boa
tarde, boa tarde aos ouvintes. Vamos nessa!

Rodrigo Polesso: É isso aí! Vamos
começar com a pergunta da comunidade do dia. Ah! Lembrei! Só para falar para o
pessoal, quero agradecer ao pessoal que está postando reviews do meu livro na
Amazon. Eu vi que por várias vezes a versão Kindle do livro ficou em primeiro
lugar na seção de dietas e etc. na Amazon. Obrigado a todo mundo que pega a
versão Kindle. Se você mora fora do Brasil, você pode optar pela versão Kindle,
que você tem entrega imediata. Se você mora no Brasil você pode pegar a versão
física também. O nome do livro é Este Não É Mais Um Livro de Dieta. Agradeço
todo mundo que está postando no Instagram também, foto com o livro, falando
coisas boas e recomendando para outras pessoas. Eu fico bastante feliz e tento
repostar sempre que e vejo. Então, obrigado ao pessoal que está fazendo isso e
eu fico feliz que está ajudando a galera, a galera está curtindo bastante. O
nome do livro, de novo, é Este Não É Mais Um Livro de Dieta, você pode ir na
Amazon e dar uma olhada lá, ou na sua livraria de preferência. Ok, a pergunta
de hoje vem do Eduardo Colling. Ele fala o seguinte: “Amendoim cru e pipoca
feita com banha de porco é bom para uma dieta de emagrecimento? Costumo comer
um desses quando assisto filme, geralmente no final de semana.” Esse segundo
comentário diz muito, né, dr. Souto? Acho que comer no final de semana, enfim…
é melhor você comer talvez o amendoim cru ou uma pipoca com banha do que ir num
rodízio de pizza, digamos assim. Mas nenhum desses dois vai te ajudar em uma
dieta de emagrecimento, obviamente. E amendoim cru, minha opinião sobre
amendoim pode ser diferente da tua. Eu acho que muita gente consome amendoim,
pasta de amendoim cru ou com sal sem problema algum, né? Agora a gente sabe que
amendoim é também uma boa fonte, ou uma má fonte, de antinutrientes. Então, nem
todo mundo processa ele bem. Muita gente é extremamente reativa a amendoim.
Essas pessoas que tem reações alérgicas, por exemplo. Eu realmente não acredito
que o amendoim seja algo necessariamente benéfico para o nosso corpo, mas
também não acho que ele vai prejudicar muito quem come esporadicamente esse
legume (porque não é uma noz, não é um nuts, não é uma oleaginosa,
botanicamente falando). E a pipoca quando você faz com manteiga ou com banha de
porco, você tem a combinação explosiva de juntar um amido puro de rápida
absorção junto com uma fonte de gordura e você sabe que o corpo metabolicamente
prioriza a absorção desse amido e vai direto, vai direcionar essa banha,
infelizmente, para os estoques. Ou seja, imagine que toda banha, toda gordura
que você adiciona na pipoca vai basicamente vai ser um excedente energético,
vai tender a ser um excedente energético muito facilmente armazenado e por isso
também, claro que não vai ajudar necessariamente na sua dieta de emagrecimento.
Dá para perder peso com isso? É claro que dá, é só comer pouco, como a gente
sempre fala aqui. Tudo o que você come pouco, você consegue emagrecer, mas em
detrimento da sua saúde. Então, novamente, a pergunta do nosso amigo aqui, dr.
Souto, para saber a sua opinião. Imagino que dieta de emagrecimento você deva
concordar que essas coisas não necessariamente vão ajudar, mas qual é a sua
opinião a respeito do amendoim cru e da pipoca feita com banha ou qualquer
gordura nesse sentido?

Dr.
Souto:
É, eu concordo basicamente com o que você falou. Eu acho que o
amendoim é uma das leguminosas que tem a lecitina mais problemática. Então,
para quem tem problemas digestivos, para quem não tolera, para quem é alérgico
acho que é problemático. Mas, enfim, é um alimento baixo em carboidratos, no
contexto de uma dieta low carb, se a pessoa tolera bem, acho que pode ser
consumido. Se for cru, se for torrado acho que é mais uma questão de paladar.
Pastas, por outro lado, pastinhas, para mim são uma perdição. Um negócio que
foi inventado pelo Diabo! Assim, foi inventado pelo Diabo porque é gostoso! É
irresistível. Eu comprei uma pastinha agora quando estava em viagem e me
arrependi, porque não consigo parar de comer!

Rodrigo Polesso: Adoçada, né?

Dr. Souto: Não, não é adoçada. E se
fosse adoçada já não teria mais.

Rodrigo Polesso: Aí teria menos
controle ainda!

Dr. Souto: Aí teria menos controle
ainda! É um negócio hiper-palatável, delicioso, super concentrado do ponto de
vista calórico e que pode gerar para pessoas como eu e como muitos, um gatilho
de sobreconsumo. Então, eu acho que a mesma observação, o mesmo cuidado que a
gente tem, por exemplo, para queijo… Queijo é low carb, é baixo em
carboidratos, mas é hiper-palatável, super concentrado do ponto de vista
calórico. Tem determinados alimentos que precisa dar uma cuidada. Então, fica o
alerta para as pastinhas. Elas têm baixo carboidrato, mas para muitas pessoas
são gatilhos para consumo excessivo, especialmente se for adoçado, né? Aí a
pessoa: “Ah, mas é adoçado com stevia.” Sim, mas vai comer o pote inteiro?

Rodrigo Polesso: Exatamente, vai comer
demais.

Dr. Souto: Bom, quanto à pipoca, não
custa a gente repetir, porque a gente já tem cento e muitos episódios e nem
todo mundo ouviu todos. Então, existe um meme, existe uma fake news que circula
por aí que diz que pipoca é amido resistente.

Rodrigo Polesso: Essa não tinha ouvido
ainda, na verdade.

Dr. Souto: Mas tem, Rodrigo! E as
perguntas são frequentes nesse sentido. Lá no blog já vi.

Rodrigo Polesso: Como eu falei, a gente
nunca para de se surpreender.

Dr. Souto: Nunca, nunca para de se
surpreender. Então assim, a única coisa resistente à digestão na pipoca é a
casca. Aquela que você cospe. A coisa branca, aquela coisa que explode, branca,
macia, aquilo é amido nada resistente. Se ele tinha alguma resistência à
digestão, ela se perdeu no aquecimento. Então, a pipoca é amido comum. Eu costumo
dizer para fixar na mente das pessoas, que a diferença entre a maisena e a
pipoca é só porque uma é em pó e a outra é uma bolota.

Rodrigo Polesso: Exato, exato!

Dr. Souto: Assim, é o mesmo amido da
mesma planta. É amido, não é resistente, tem impacto glicêmico elevado. E aí o
pessoal muitas vezes fala assim: “Tá, mas e a pipoca sem gordura?” Aí elas
estão caindo naquela falácia do medo da gordura, da fobia da gordura. Veja bem,
a única coisa que não tem impacto glicêmico na pipoca é justamente a manteiga.
Então, assim, pipoca costuma ser uma combinação engordante de gordura com
amido. Se você não usar gordura para fazer pipoca ela fica só amigo engordante,
sem a gordura. Então, vamos dizer assim, quem quiser comer, pode comer. Mas
coma pipoca sabendo que você está comendo amido. Uma pipoca com gordura não é
química e nutricionalmente muito diferente de uma batata frita: amido com
gordura.

Rodrigo Polesso: Exato. Muito bem-dito.
E outra, também é super palatável, né? É muito difícil comer pouca pipoca. O pessoal
que vai no…

Dr. Souto: Exatamente. A única vantagem
que eu diria é que ela é muito aerada. Então, assim, você pega um punhado de
pipoca e aquilo é muito levezinho. Em gramas é pouca quantidade. Agora, bom, o
que acontece? Hoje você vai no cinema e o pacote pequeno de pipoca é uma coisa
que dá para botar a cabeça dentro.

Rodrigo Polesso: Exatamente! E a
manteiga que eles chamam no cinema provavelmente é um óleo vegetal.

Dr. Souto: Sim! Aquilo deve ser uma
coisa abominável, aquilo ali com certeza deve ser óleo vegetal hidrogenado,
parcialmente hidrogenado, assim que fica mais gostoso, mais gordura trans.
Porque gordura trans tem um gosto bom. É importante saber.

Rodrigo Polesso: Ah, sim! E para
completar a galera pega, claro, um galão inteiro de refrigerante para
acompanhar também.

Dr. Souto: Isso, porque a pipoca é
salgada e a gente precisa matar a sede, né?

Rodrigo Polesso: É, uma combinação
perigosa, pessoal. A gente acha que está no controle das nossas emoções, mas a
gente está muito menos do que a gente imagina, viu. Principalmente quando tem
esses alimentos na frente da gente. Bom, ok, vamos lá então para o tópico de
hoje que são probióticos. A gente já falou isso antes aqui. Bom, probióticos,
enfim, como eu disse é uma onda que ainda está crescendo. Cada vez mais gente
fica sabendo disso. E há poucos anos atrás nos Estados Unidos era tudo o que se
falava, nas conferências que eu ia era probiótico, microbioma, tudo isso. Era o
foco da pesquisa, foco de tratamentos, parecia que tinham descoberto a causa de
tudo e que agora seria possível solucionar tudo através do intestino. Bom, com
o passar do tempo e dos estudos também, uma visão mais sóbria começou a cair
nessa área. Um pouco da hype começou a desaparecer, só que começaram a
surgir empresas também que vivem, enfim, dessa área. Então essas empresas
também começam a propagar o marketing não necessariamente baseado em ciência
nessa área. Agora recentemente um estudo preliminar, na verdade, não é uma
grande coisa para se enfatizar aqui, mas um estudo preliminar publicado no
final de março com pacientes com melanoma, verificou que o tratamento contra
esse câncer foi 70% menos efetivo nas pessoas que estavam tomando probióticos
na forma de suplementos. Elinav, que é um pesquisador de imunologia em Israel
publicou um par de estudos no Jornal Cell, em 2018, com um achado
interessante. Ele achou que a suplementação de probióticos na verdade diminuiu
a diversidade da microbiota das pessoas depois dessas pessoas terem participado
de um curso de antibióticos. Porque a gente acha que, enfim, sempre aumenta a
diversidade. Nesse caso diminuiu a diversidade. E, na verdade, o intestino das
pessoas que tomaram o probiótico depois desses antibióticos, não depois, mas
durante esse tratamento, o intestino dessas pessoas demorou muito mais para se
recuperar comparado ao intestino das pessoas que não tomaram esses probióticos.
Eu acho que a palavra aqui é pulga atrás da orelha sobre essa questão de
probióticos. A minha opinião sobre isso é que na maior parte das pessoas, na
grande maior parte das pessoas, a saúde, diversidade, qualidade da microbiota
intestinal é simplesmente uma consequência direta da alimentação. Quando a
gente tenta alterar essa microbiota forçadamente via suplementação de
probióticos sem alterar o que está fazendo aquela microbiota ter problemas, a
gente vai tender a ter resultados medíocres e a curto prazo. Isso se a gente
tiver algum resultado, não tiver nenhum dano. E por milênios a gente vêm
comendo, consumindo alimentos fermentados naturalmente, ricos em probióticos,
como kimchi, carne fermentada, etc., repolho… Porém, tomar probióticos
na forma de suplementos é algo muito, muito recente e sem um bom corpo de
evidência por trás. Eu confesso que eu mesmo já tentei por vários meses tomar
vários tipos de probióticos há uns 3 anos atrás e eu não vi em mim benefício
algum. Como eu sempre falo, eu testo tudo para depois vir tirar conclusões. No
entanto, um tratamento de suplementação bem feito nesse sentido pode talvez ter
efeitos positivos em pessoas específicas, em situações específicas. Então não
dá para descartar a hipótese que probióticos na forma suplementar pode ser
benéfico em um grupo de pessoas, em situações específicas também. Mas como eu
disse, dr. Souto, eu acho que a palavra aqui é pulga atrás da orelha sobre
isso. Porque as prateleiras das farmácias e mercados estão cada vez mais cheias
com tipos diferentes de probióticos. E esses probióticos não são muito
regulamentados por órgãos que deveriam regulamentar isso. Então as pessoas
falam o que quiser lá no rótulo, põem diferentes espécies de strains, de
bactérias que prometem tudo. E às vezes as pessoas podem conseguir mais
malefícios do que benefícios com isso aí. Na verdade esse estudo eu só trouxe
para a gente poder discutir um pouco mais, colocar um pouco mais de sobriedade,
talvez, nas pessoas que estão achando que probióticos podem salvar a pátria e
são a solução para tudo.

Dr. Souto: Pois então, eu acho que esse
assunto se presta mais a desenvolver o pensamento crítico das pessoas, de quem
está nos ouvindo.

Rodrigo Polesso: É verdade.

Dr. Souto: Então, duas palavrinhas
aqui: precautionary principle, ou seja, o princípio da precaução. O
princípio da precaução é assim: primeiro, o primordial, o mais importante é não
prejudicar, não fazer mal. Se não tem certeza que algo faz bem é um pouco
precipitado às vezes eu sugerir que aquilo seja feito baseado em que? Em um
mecanismo possível de ação. A gente já falou várias vezes aqui que o caminho
para o inferno é pavimentado não apenas por boas intenções, mas por
bioplausibilidade também. Ou seja, algo que é plausível, faz sentido, deveria
funcionar. Pois é, mas tem um monte de coisas em biologia especialmente, que
deveriam funcionar, mas não funcionam e tem até o efeito contrário. Ecologia é
uma das áreas da ciência onde essa complexidade é mais incrível. Se vocês
falarem com qualquer pessoa que estuda ecologia, ela vai dizer como é difícil
prever o efeito de qualquer intervenção. Por exemplo, o pessoal questiona,
inclusive, o uso daqueles mosquitos geneticamente modificados para ver se acaba
com o aedes aegypti. Por quê? Porque é meio imprevisível dentro da ecologia o
que a eliminação de uma determinada espécie pode provocar. 

Rodrigo Polesso: Efeito borboleta, não
é?

Dr. Souto: É muito complicado. Então,
por que eu estou falando em ecologia? Porque quando a gente fala em microbiota
nós estamos falando em ecologia também. Nós estamos falando em milhões de
espécies… milhões… em milhares de espécies diferentes de bactérias que colonizam
os nossos intestinos, são diferentes de uma pessoa para outra. E aí eu pego e
semeio ali uma série pequena de espécies exóticas. O que poderia dar errado?

Rodrigo Polesso: O que, né? O que
poderia dar certo, na verdade!

Dr. Souto: A comparação que eu faço…
acho que até já falei aqui no podcast. Imagina que ocorreu uma queimada e
queimou toda uma encosta de um morro que tinha Mata Atlântica, com toda aquela
diversidade incrível, aquela biodiversidade de espécies. E agora está tudo um
troço queimado. E aí eu digo: “Já sei qual é a solução, eu vou passar de avião
e vou semear sementes de algumas plantas que eu gosto, que eu acho que são
boas, são benéficas.” Mas essas plantas são aqueles pinheiros norte-americanos,
ou são papoulas… Eu vou semear plantas que eu gosto. Só que aí é que está, elas
são plantas exóticas, elas não faziam antes parte daquele microbioma. Ou até
talvez fizessem parte, mas em uma determinada proporção e não predominando como
espécie. Então, eu vou ter criado ali um caos e vou, obviamente, estar
dificultando a recuperação da biodiversidade daquele local. É isso que os
estudos com os probióticos têm mostrado, não é, Rodrigo?

Rodrigo Polesso: Essa é uma ótima
analogia. Eu só ia falar uma outra analogia para complementar. Imagina você ter
uma ceia de natal com a família, primos, etc. e aí você traz e coloca na mesa
da ceia um chinês, um indiano, um cara lá da Alemanha e vamos ver se a harmonia
da mesa da ceia de natal vai ser a mesma depois disso. Vai causar um desequilíbrio
com certeza, assim como na floresta. 

Dr. Souto: É, então, na verdade o
pessoal estava pensando assim: probióticos são bactérias boas, bactérias boas
se eu colocar vai fazer bem. Cara, isso é um pensamento muito primitivo e
simplista para um ecossistema extremamente complexo e diversificado. Então, é
um pouco de empáfia a gente imaginar que a gente já conhece o suficiente sobre
o assunto para prescrever combinações específicas e dosagens específicas de
probióticos. Existem alguns estudos em algumas situações bem específicas nas
quais a gente já tem evidência. Então, por exemplo, pacientes que estão fazendo
altas doses de determinados antibióticos endovenosos de amplo espectro, a gente
sabe que o uso de combinações específicas de probióticos pode reduzir o risco
do desenvolvimento de uma doença que é a colite pseudomembranosa, que é causada
por uma bactéria que é o Clostridium difficile, que consegue… Olha o nome do
bicho: Clostridium difficile.

Rodrigo Polesso: Até o nome é difícil!

Dr. Souto: Ele é difícil! Ele sobrevive
aos diversos antibióticos e acaba tomando conta. Então, nesses casos, esses
probióticos parecem inibir. Agora, a ideia de que se eu tomar um antibiótico
depois eu vou tomar o probiótico para acelerar a recuperação da flora, se
mostrou completamente errônea, retarda. E esse estudo aí que você leu agora,
Rodrigo, é muito interessante, porque o tratamento em questão para melanoma…
Melanoma, vamos lá, pessoal, melanoma é um câncer de pele, o mais grave de
todos. Tem três tipos de câncer de pele: o carcinoma basocelular (que é
praticamente benigno, o problema dele é mais quando ele atinge grandes
proporções, mas ele não vai dar metástase, em geral), tem o carcinoma
epidermóide (que é intermediário) e tem o melanoma. O melanoma é o ruim mesmo.
O melanoma às vezes é um sinal que se transformou e quando você vai ver já está
com metástase no cérebro, no pulmão, no fígado. É uma doença altamente letal. E
o melanoma responde muito bem a um tipo de tratamento que é a imunoterapia, é
um tratamento no qual a gente usa medicamentos que retiram certos freios que o
sistema imunológico naturalmente tem. O nosso sistema imunológico tem que ter
freios para não atacar células normais do corpo, para não causar doenças
autoimunes. Esses tratamentos bloqueiam esses freios, então, isso deixa o
sistema imunológico hiperativo e tem alguns casos de melanoma avançado que são
até curados com esse tipo de terapia. E aí os caras descobriram o seguinte:
quem está usando probióticos reduz em quanto? 70%?

Rodrigo Polesso: 70% da eficácia.

Dr. Souto: A eficácia desse tratamento
para uma doença altamente letal. Então, é o princípio da precaução. Tipo: nós
não sabemos se probióticos adiantam para alguma coisa, definitivamente nós não
sabemos qual é a interação que eles, bactérias exógenas, que portanto mexem com
o sistema imunológico, vão ter em uma imunoterapia. Cara, então é melhor não
usar, né? Ao invés de partir do pressuposto de que se são bactérias do bem e
portanto elas vão fazer bem, que isso é uma coisa de uma extrema ingenuidade. E
aí que eu costumo salientar para as pessoas, eu tive essa conversa recentemente
com um bom amigo, dizendo para ele: olha só, é incrível como a gente tende a
usar o nosso pensamento crítico no que se refere à indústria farmacêutica, aí a
gente faz toda uma análise do risco relativo, da qualidade dos estudos, da
randomização, do estudo da estatina, do estudo… Mas aí quando chega nos
suplementos (tipo probióticos) a gente passa a ter um nível de pensamento
crítico nível astrologia e horóscopo. “Mas são bactérias boas, devem fazer
bem.” Cadê o pensamento crítico aquele que estava fazendo análise estatística
bayesiana do estudo da estatina? Não dá para ter dois pesos e duas medidas no
que diz respeito ao pensamento crítico. Se a gente é crítico, a gente é
crítico. E o fato de ser a indústria farmacêutica de um lado e de outro lado a
indústria dos suplementos… vou contar um segredo para vocês, pessoal: os donos
são os mesmos.

Rodrigo Polesso: É a mesma coisa…
Exatamente! E na melhor das hipóteses… na melhor, não, na maior parte das
vezes, o probiótico você vai tomar, vai pagar caro pra caramba, ele vai passar
reto, tá? Você vai tomar e ele vai passar reto. Aquele tipo de bactéria não vai
colonizar o bendito do intestino. Isso a gente vê direto também. Tem alguns que
vêm com esporos, que vai ajudar a colonizar, tudo bem. Então, essas que
colonizam a gente começa com esse problema que está aqui, que a gente está
comentando até agora. Então, tem vários problemas, desde ser inútil de qualquer
sentido (você toma e elimina direto) e se essa bactéria colonizar, aí todos os
problemas potenciais podem ocorrer também. Então, é uma área, como eu falei,
pulga atrás da orelha. Cuidado, muita cautela nessa hora.

Dr. Souto: E assim, pessoal, pensamento
complexo. Pensamento complexo é assim: a gente não disse que microbiota não é
importante, a gente não disse que o microbioma não tem impacto em um cem
números de condições relacionadas à saúde e à doença. A gente só está dizendo
que: mesmo admitindo que a microbiota seja muito importante, não existe
conhecimento e ensaios clínicos randomizados para o emprego terapêutico da
maior parte dos probióticos que existem por aí, na maior parte das situações.
Então, dizer que algo é importante não é incompatível com dizer que até que a
gente saiba mais, melhor não usar.

Rodrigo Polesso: Exato. E uma coisa que
a gente sabe que o que mais impacta na microbiota intestinal são os hábitos
alimentares. Ela se adapta rapidamente ao tipo de alimentação que você tem.
Então, você quer modificar, comece a comer corretamente.

Dr. Souto: Concordo em gênero, número e
grau.

Rodrigo Polesso: Perfeito! Então, antes
de falar a bizarrice aqui para vocês que eu vi antes de colocar essa pauta,
deixa eu celebrar com vocês o que a Neuzeni Cunha mandou para gente o caso de
sucesso dela. Falou: “O Código Emagrecer de Vez é perfeito! Consegui eliminar
6,5kg nos primeiros 30 dias. Funciona de verdade. Estou mega feliz.” Obrigado!
Eu tento postar sempre esse tipo de coisa, porque motiva quem está precisando
emagrecer, e muita gente está precisando emagrecer. Então, quando você faz isso
baseado em ciência, tudo tende a funcionar com a menor quantidade possível de
fenômenos colaterais. E na verdade os efeitos colaterais são muitas vezes só
positivos. Então, Neuzeni Cunha, muito obrigado! 6,5 kg em 30 dias. Se você
quer conhecer para ver se é uma coisa para você ou não, entre aí em
CódigoEmagrecerDeVez.com.br. O feedback do pessoal é incrível. Ok! Olha
só, Sociedade Britânica de Alzheimer descobriu uma nova forma de lutar contra a
demência. Grande, grande! Qual é o segredo? O segredo é o seguinte: cupcake
day
! É isso aí, cupcake day! Está no site oficial da Associação
(alzheimers.org.uk) incentivando as pessoas a começarem a fazer cupcakes
e criarem eventos do dia do cupcake para levantar fundos para ajudar a
combater a demência, literalmente escrito dessa forma. Pode isso, dr. Souto?

Dr. Souto: Podia ser também a Sociedade
do Diabetes, né?

Rodrigo Polesso: Podia ser qualquer uma
dessas, né?

Dr. Souto: Isso… Faz cupcakes
para levantar dinheiro para combater diabetes. Podia ser uma sociedade do
tabagismo também, estimulando as pessoas a fumarem para levantar dinheiro para
pesquisar os efeitos do cigarro.

Rodrigo Polesso: Alcoólicos anônimos
também, vendendo bebida para ajudar. 

Dr. Souto: Isso aí… Fazendo festas
regadas a destilado para levantar uma grana para pesquisar os efeitos da
bebida.

Rodrigo Polesso: Quão bizarro esse
mundo da saúde é?

Dr. Souto: Realmente assim… Nessas
horas a gente tem que parar para pensar e olhar. É que nós… eu, você, quem está
nos escutando tem interesse em alimentação. Para nós às vezes determinadas
coisas são óbvias. Mas, realmente existe uma grande quantidade das pessoas lá
fora que realmente não faz a menor ideia que a alimentação tem um impacto
significativo na saúde. É a única conclusão.

Rodrigo Polesso: Eu não consigo não
colocar a culpa nessas pessoas. É difícil não culpá-las pela ignorância básica.

Dr. Souto: É, porque assim… tem que ter
limite, né? Tem níveis de ignorância mais ou menos aceitáveis, né? Sinceramente
essa foi forte.

Rodrigo Polesso: Essa foi bizarra. Para
o pessoal que não conhece muito sobre Alzheimer, essa é uma área (de novo)
totalmente aberta à pesquisa. Mas tem muitos profissionais dessa área que
chamam o Alzheimer de diabetes tipo 3, hipotetizando que a raiz disso seja
também a mesma raiz da diabetes, que é resistência à insulina, causada por todo
aquele excesso de açúcar consumido.

Dr. Souto: Por cupcakes!

Rodrigo Polesso:Cupcake é o
que? É como você celebrar a toxina, a própria causa do problema que dá nome à
sua sociedade. Isso é muito bizarro. É extremamente bizarro. Então, fiquem
alertas: as coisas podem sim estar muito erradas.

Dr. Souto: Agora achei uma analogia
boa. Seria a Sociedade Americana, ou a Sociedade Britânica dos Celíacos
sugerindo que o pessoal faça um pão caseiro para levantar dinheiro para os
celíacos.

Rodrigo Polesso: Para levantar, para
dar mais clientes para a sociedade, né? É isso que eles estão fazendo, coletar
mais clientes. Pelo amor de Deus, pessoal! Quando a coisa está errada, está
errada. E não é pouco, não. E não é porque é no Reino Unido, não é porque é
alzheirmers.org que você tem que automaticamente assumir que é verdade, que
merece respeito. É a falácia da autoridade. As coisas podem sim estar
bizarramente erradas, pessoal. E nesse caso você pode ver que é um bom exemplo
que elas estão. Meu Deus do céu! Dr. Souto, você já almoçou? Compartilha com a
gente o que você degustou.

Dr. Souto: Hoje eu comi bife de filé
com um pouquinho de cebola… Deixa eu pensar se eu comi mais alguma coisa… Se eu
comi mais alguma coisa não registrou na minha mente, foi secundário. Eu acho
que hoje eu fiz um almoço meio carnívoro.

Rodrigo Polesso: Meio carnívoro…
Beleza!

Dr. Souto: Foi só isso mesmo.

Rodrigo Polesso: Está ótimo. Eu fiz
peixívoro, comi um baita de um filé de salmão, que pelo amor de Deus, é muito
bom! Eu adoro salmão! E aquela casquinha, pessoal, que tem no filé assim, se
você deixar o suficiente na frigideira, ela fica bem crocante, você come como
bolo, como se o salmão de cima fosse o merengue e a casquinha fosse a massa.
Você passa o garfo e come os dois na mesma garfada. É bom pra caramba! E sal e
pimenta, pessoal.

Dr. Souto: Mas, olha só, eu vou deixar
um teaser agora para que vocês não percam o próximo episódio deste
podcast, no qual nós vamos explicar para vocês porque o salmão na realidade é
uma planta!

Rodrigo Polesso: Boa! Vamos segurar
isso aí.

Dr. Souto: Aguardem!

Rodrigo Polesso: Mais bizarrices vindo
por aí, pessoal. E um queijo de sobremesa, né? Queijo é uma ótima sobremesa,
principalmente se é um queijo maturado, aquele que tem até notas doces de tão
concentrado que está, ele é uma ótima sobremesa. Eu tento fazer isso direto,
não   sinto vontade de comer doce nenhum.
Enfim, é isso aí. Olha só, siga a gente no Instagram. Siga
@rodrigopolesso, @jcsouto e também @ablc.or.br. Siga nesse círculo positivo em
direção da boa ciência na nutrição. E se você quer conhecer a Tribo Forte, ver
as centenas de receitas que tem lá dentro, que as queridas Poliana e Paty
postam lá semanalmente várias, entre em TriboForte.com.br e faça parte desse
grupo positivo de pessoas saudáveis. É isso aí então, pessoal. Obrigado pela
audiência. Dr. Souto, obrigado também. Semana que vem a gente está aqui como
sempre!Dr. Souto: Beleza! Obrigado e até semana que vem!

Fonte: https://emagrecerdevez.com
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