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Neste Episódio:

  • Diabetes tipo 2;
  • Ideologia extrema no alto escalão;
  • Grãos integrais;
  • E mais;

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Saúde é importante!

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Abaixo eu coloco alguns dos resultados enviados pra mim por pessoas que estão seguindo as fases do Código Emagrecer De Vez, o novo programa de emagrecimento de 3 fases que é o mais poderoso da atualidade para se emagrecer de vez e montar um estilo de vida alimentar sensacional para a vida inteira.

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Caso de Sucesso do Dia

Referências

Artigo no BMJ

Transcrição do Episódio

Rodrigo Polesso: Olá pessoal, bem-vindos ao podcast número 228, o podcast da Tribo Forte, a sua dose semanal de estilo de vida saudável, emagrecimento e nutrição baseado em evidência, sem papas na língua. Hoje a gente vai falar sobre grãos integrais, vamos falar sobre diabetes tipo 2 e também ideologia extrema no alto escalão. Vamos tentar ajudar você a ficar mais critico ou mais cético também, e melhorar também a forma como vocês vivem, para você ser de fato a melhor versão de você mesmo. Deixa eu dar aqui um bom dia ao doutor Souto! Tudo bem Doutor Souto?

 Dr. Souto: Tudo bom Rodrigo! Bom dia! Bom dia aos ouvintes!

Rodrigo Polesso: É isso pessoal! Olha só, vamos lá, bater esse papo de hoje aqui. Primeiro, uma coisa muito assim “engraçada”, mas chocante também, é uma coisa que mostra o retrato que a gente do mundo que a gente tá vivendo nesses aspectos né. É difícil ter esperança quando a gente vê algumas coisas nessa vida, e cada vez fica mais claro que se você não cuidar de você mesmo você tá meio que lascado né, se você depender do sistema para tomar conta de você. E eu tô acostumado a ver coisas bizarras vindo de pessoas em cargos importantes e que deveriam saber de alguma coisa, mas isso surpreendeu até a mim e com certeza outras pessoas também a questão é: o editor-chefe do Jornal Americano de Cardiologia disse o seguinte: “quando nós matamos animais para come-los, eles acabam nos matando porque a sua carne nunca foi feita para consumo de seres humanos, os quais naturalmente são herbívoros.” Ui, essa doeu no rim né! Eu tenho certeza que eu não fui o único a ficar boquiaberto com isso Doutor Souto também sabe, também viu isso aí, e o doutor Michael Eades no Twitter, que é uma pessoa que sei lá eu gosto bastante, ele falou que precisou verificar a veracidade da fala porque ele achou muito bizarro, como eu falei tem coisas bizarras que a gente vê todo dia, mas isso parecia bizarro demais, então ele teve que verificar a fala e no entanto ele realmente viu que a fala é verdadeira, e vem do excelentíssimo William C. Roberts, que é o editor chefe do jornal americano de Cardiologia. Sabe pessoal, aquela pessoa que é edita o jornal, que escolhe mais ou menos os artigos, os estudos que vão aparecer e tal?! Não tem tendência, não tem conflito de interesse nenhum aí né?! E o Michael Eades ele acaba dizendo que não é por nada que a área de Cardiologia é uma área tão ferrada. e como ele diz: “Jesus chorou com isso aí”. Doutor Souto, eu tenho certeza que você ficou também chocado e talvez até incrédulo de saber “será mesmo que a pessoa nesse cargo falou algo desse tipo?” Resumindo pessoal, um ponto impactante aqui é que esse editor-chefe do jornal americano de Cardiologia ele acha que humanos são naturalmente herbívoros, ou seja, ele basicamente não sabe a diferença entre o sistema digestivo do ser humano e de uma vaca, por exemplo. Não sei Doutor Souto, que que você acha disso?

Dr. Souto: Eu tava lendo Rodrigo, um livro que saiu essa semana chama-se Sacred Cow

Rodrigo Polesso: Ah, ouvi falar…

Dr. Souto: Espetacular! É um livro que explica, entra em detalhes sobre esses assuntos, sobre a questão da carne vermelha e “será que realmente o gado impacta o clima ou não”… é escrito pelo Robb Wolf, o mesmo autor do The Paleo Solution e do Programado Para Comer, e esse livro tá traduzido em português, aliás, fica a dica pessoal: Programado Para Comer, um livro espetacular. E da Diana Rodgers, que é uma nutricionista que também é uma fazendeira de agricultura sustentável e degenerativa, então quer dizer, é alguém que planta e cria animais. Bom, neste livro tem todo um capítulo explicando esses absurdos que o pessoal fala sobre o ser humano ser vegetariano, ou não ser feito para comer carne, então uma das coisas que vale a pena sempre a gente salientar aqui é que: Qual é a grande característica dos animais herbívoros? É terem o intestino grosso muito grande e muito longo no qual existe toda uma colônia de bactérias que é capaz de fermentar as fibras insolúveis, como a celulose né, de modo que esses animais eles não digerem diretamente a celulose, mas essas bactérias que eles têm no colón são capazes de digerir a celulose para eles, e essas bactérias liberam então ácidos graxos de cadeia curta, ou seja, gordura e aminoácidos que são oriundos dessas folhas, e é disso que os herbívoros vivem. Já o intestino delgado dos herbívoros é relativamente curto, porque o intestino delgado serve apenas para absorver nutrientes de alta biodisponibilidade, alta densidade nutricional, o que é pouco disponível na dieta desses animais. Como é o trato digestivo do ser humano? Tem um intestino delgado muito mais longo do que todos os outros primatas, porque por milhares de anos o ser humano vem consumindo alimentos nutricionalmente densos, como é o caso da carne, e já o colón, o nosso colón ele é praticamente residual, se você comparar com o colón dos outros primatas. Nós temos um intestino grosso, um colón pequeno, cuja função básica é apenas absorver a água para que as fezes deixem de ser líquidas e fiquem sólidas. Muito diferente do colón dos outros primatas…

Rodrigo Polesso: E o ceco também né?!

Rodrigo Polesso: E o ceco que em nós ele é residual, o nosso apêndice, que é o apêndice cecal, ele é residual. Nesse apêndice ocorre uma série de fermentações que, por exemplo, se você vai ver o apêndice de um de um roedor que é um bicho que come plantas fundamentalmente, ele tem um apêndice cecal gigante e funcional, o nosso é residual. Prova disso que eu tô dizendo é, todo mundo que é médico e tá me ouvindo aqui sabe, que se nós fizermos uma colectomia total, tirarmos completamente o intestino grosso de um ser humano, esse ser humano vai continuar vivendo tranquilamente com a sua bolsa de colostomia e não terá deficiências nutricionais, porque o colón ele serve no ser humano basicamente para absorver a água…

Rodrigo Polesso: É um ótimo argumento.

Dr. Souto: Já se você tirar o colón de qualquer primata ou de qualquer herbívoro, ele morre, é impossível, é incompatível com a vida, porque aquele é o principal órgão digestivo do herbívoro. Já ao contrário, se você tirar o intestino delgado de um ser humano, isso não é compatível com a vida. Então, é muito bizarro que o sujeito que é o editor-chefe de um periódico científico tão importante na cardiologia tenha uma visão tão anticientífica, mas quando eu digo anticientífica seria basicamente como o sujeito imaginar que “o sol gira ao redor da Terra”. Esse é o nível do anticientificismo da coisa. Mas é que essa é uma postura semirreligiosa

Rodrigo Polesso: É, “semi” para ser bondoso né. Sabe o que é mais engraçado? Eu entrei na página agora da amazona.com dar uma olhadinha nesse livro, e por algum motivo a Amazon colocou o livro na categoria verde até a unidade colocou o livro na categoria “dietas vegetarianas” e o livro está em segundo na categoria de dieta vegetariana, e o livro fala sobre comer carne. Isso é a melhor parte! Que maravilha!

Dr. Souto: Então, é aquela coisa: quando você que está nos ouvindo imagina que determinados estudos são publicados em um periódico desta magnitude, você pode imaginar que isso é uma coisa relativamente isenta, que são os “méritos” daquele artigo científico que vão determinar quem será publicado e quem não será dentro de uma meritocracia acadêmica. Pessoal, não é bem assim, quer dizer, quando o editor-chefe acredita piamente que o sol gira ao redor da Terra, que a Terra é plana, que o ser humano é herbívoro, que são coisas que estão no mesmo nível (essas três coisas que eu falei estão no mesmo nível)… Um sujeito que acredita nesse tipo de coisa é o editor-chefe. Como Rodrigo disse, se fica uma dúvida se determinado artigo vai ser aceito para publicação ou não naquela edição, esse cara tem a última palavra.E… Nem sei mais o que dizer.

Rodrigo Polesso: Tudo que você coloca por um filtro desse, você já imagina o que que vai sair do outro lado. Então, só para o pessoal ficar esperto, tem gente pensa o seguinte “Ah, não se preocupa, tem gente muito esperta pensando nisso”… Não deve ser o caso sempre pessoal, e esse é um bom exemplo aqui de pessoas em alto escalão, que deviam ser bem qualificadas, com a reputação de grande valia, teoricamente, e a gente vê que as pessoas têm um erro assim tão grande, que um conflito tão grande de ideologia que deveria, na minha opinião, prevenir ela de fazer o trabalho que ela faz. Mas o segundo ponto hoje aqui é basicamente levando em frente essa questão de conflitos de interesse, ideologia, desse tipo de coisa… E na verdade, se você escuta a gente aqui, ao longo dos duzentos e poucos episódios, você sabe que existe uma coisa que acontece periodicamente no mundo da nutrição, que são publicações da Escola Pública de Harvard a respeito de carne, a respeito de vegetarianismo ou consumo de grãos integrais e etc. A gente vive falando e até “tirando meio sarro” disso aqui, porque é sempre a mesma base de dados e periodicamente eles estão postando isso, e como é Harvard, as pessoas “nossa, tem que ser verdade”. Bom, você acabou de ver um exemplo de uma pessoa de alto escalão aqui que é completamente corrompida pela sua ideologia. Então, é possível sim que pessoas de Harvard também estejam corrompidas. E na verdade, aqui a gente não tá avaliando as pessoas, a gente tá avaliando a evidencia, ok?! Vamos focar na evidência! O que acontece? É o tipo de estudo que costuma ser ecoado pela mídia, esse tipo de estudo que a gente vai falar agora, porque ele fortalece as normas atuais vigentes e as ideias que já estão aí à tona, que são aceitas no mundo hoje. E uma nova revisão então, conduzida pela infame Escola De Saúde Pública De Harvard, no British Medica Journal, jornal respeitado, agora no começo do mês que massageia os mesmos bancos de dados de sempre de Harvard, na escola pública, e busca a associação entre o consumo de grãos integrais e risco de diabetes tipo 2. De novo pessoal: o pessoal da escola pública de Harvard de saúde, eles não gostam de carne vermelha, então eles estão sempre promovendo o oposto disso, a gente já falou isso várias vezes aqui ao longo dos anos, a conclusão desse estudo é o seguinte: comer mais grãos integrais está associado a menor risco de diabetes tipo 2. “Maravilha!” Eles mostram que o grupo que consumia a maior quantidade de grãos integrais comparado com o grupo que consumia menor quantidade, teve 29% menor incidência de diabetes tipo 2. Bom, de cara, se você nos acompanha já sabe, que comer grãos integrais é um marcador de pessoas que tendem a se preocupar mais com a saúde, a pessoa decide comprar o grão integral e não o grão normal. Então, alguém poderia indagar que não são os grãos integrais que trazem benefícios, mas sim um conjunto de hábitos mais saudáveis no geral dessas pessoas que são responsáveis pela diminuição do risco. Então, vamos dar uma analisada rápida em uns pontos importantes desse estudo aqui para gente abrir a discussão: eles dividiram as pessoas em cinco grupos de acordo com o consumo de grãos integrais. Então, vamos comparar alguns aspectos entre o grupo que mais consumiu grãos integrais e o que menos consumiu grãos integrais, em um dos três bancos de dados aí acompanhados (as informações que eu vou falar a seguir são semelhantes nos três bancos de dados, só peguei um para a gente comparar) então o grupo 1, é o grupo que menos come grãos integrais, e o grupo 5 é o grupo que mais come. Então eles separaram de 1,2,3,4,5 e vai aumentando o consumo a medida que o número do grupo vai subindo né. Então, vamos lá, só para a gente começar aqui, 17.2 % das pessoas do grupo 1 que menos comem grãos integrais são fumantes, enquanto somente 4.2% das pessoas do grupo 5 que mais comem grãos integrais são fumantes…

Dr. Souto: Rodrigo deixa eu te interromper, significa, deixa eu ver se eu entendi, que o grupo que come menos grãos integrais fuma quatro vezes mais, é isso?

Rodrigo Polesso: Perfeitamente, 4 x mais!

Dr. Souto: Será que é o grão integral que faz com que a pessoa largue o cigarro? Existe uma coisa mágica no pão preto que faz que você diga assim “ah, não tenho mais vontade de fumar”? Não né pessoal!

Rodrigo Polesso: Não só o fumo, mas como também a gente vê que as pessoas do grupo 1 bebem álcool aproximadamente 70% mais do que as pessoas do grupo 5, então grãos integrais acho que fazem você também se curar dá vontade de beber álcool. E tem também as pessoas do grupo 5, essas que mais comem grãos integrais se exercitam o dobro das pessoas que comem menos grãos integrais. Então, bem como o Doutor Souto disse: somente essas três diferenças que eu peguei tá, três diferenças de hábitos e estilo de vida, será que nós podemos ainda inferir que os grãos integrais são as causas da diminuição do diabetes tipo 2? Ou será que fumar bem menos, se exercitar bem mais e tomar bem menos álcool pode ter um impacto positivo na redução de risco das pessoas que desenvolveram diabetes tipo 2? E isso não tá escrito na conclusão, lembre-se, ok?! Mas esta é a verdade, isto que a evidência mostra. Doutor Souto, é mais um estudo naquele balaio da mesmice da Escola Pública De Harvard, que periodicamente massageia os mesmos bancos de dados e geralmente vem trazendo as mesmas conclusões que são facilmente contestadas somente com uma análise básica do conteúdo do estudo, né?!

Dr. Souto: Olha, é lamentável que revistas de prestígio, periódicos de prestígio deem guarida a esse tipo de artigo, porque tá ok que lá nos anos 70 quando a ciência da epidemiologia nutricional ainda estava começando a evoluir as pessoas acreditassem mais nisso, hoje nós já sabemos que é tudo fator de confusão, que é tudo viés de seleção, que basicamente você está comparando grupo de pessoas incomparáveis, grupos que são completamente diferentes e distintos entre si, na questão do cigarro, na questão da bebida, na questão do exercício e em muitas outras questões. Eu não tenho os números na ponta da língua agora, mas a gente até pode selecionar para comentar no próximo episódio os números do vigitel do Ministério Da Saúde no Brasil, comparando de acordo com renda e escolaridade a incidência de diabetes, há uma correlação muito gritante, aliás, muito maior do que essa correlação aqui dos grãos integrais. Você ter menos renda e você ter menos escolaridade , e aumenta muito o seu risco de desenvolver diabetes tipo 2, e eu pergunto: é o quê? Porque as pessoas comem mais ou menos dinheiro? É o papel, as cédulas de dinheiro que você come ou deixa de comer que mudam as suas chances de engordar e ter diabetes? Eu tô brincando, eu tô exagerando, para que as pessoas pensem que algo como renda, que aparentemente, se você pensar: o que isso tem que ver com diabetes ou escolaridade? Número de anos que a pessoa frequentou a escola quem frequentou menos anos de escola tem uma chance muito maior de ser diabético. É o que? Comer livro escolar? É óbvio que isso representa o quê? Indivíduos com renda menor e escolaridade menor têm menos condições de comer proteína e tem mais condições de comer o quê? Aquilo que é o mais barato que tem, que é farináceo, que é biscoito, que é macarrão instantâneo, que é refrigerante, então são pessoas que têm atividades mais estressantes, mais mal pagas, que não têm acesso a médico, a plano de saúde, que não tem acesso muitas vezes a medicamento, as diferenças são tão grandes que se você comparar o grupo de menor renda da população com o grupo de maior renda da população obviamente haverá diferença nos desfechos de saúde, e as causas muitas vezes não são obvias, mas você simplesmente tem que entender que você não pode comparar grupos de pessoas que são completamente diferentes. Bom, o que o Rodrigo acabou de mostrar aí, dando essa rápida olhada na tabela, é que esses grupos do 1º que come menos grãos integrais, com a 5º que come mais grãos integrais, é comparar bananas e maçãs, é comparar coisas completamente diferentes. E aí eu volto ao meu argumento inicial, é lamentável que periódicos de prestígio deem espaço, um espaço disputado, tem muito artigo que tenta ser publicado e não consegue, o problema é o seguinte: aparentemente o “cocô” que é feito em Harvard fede menos do que o “cocô” feito em outros lugares, então sim, é cocô, mas como é de Harvard consegue ser publicado.

Rodrigo Polesso: É, isso é muito triste! Existe uma correlação também linear positiva entre fumar e comer grãos integrais, inversamente, na verdade. É uma situação inversa, mas perfeita e linear, do grupo 1 a 5 né, grupo 1 que menos come é o que mais fuma, e a medida que você move em direção ao grupo 5 você linearmente vai diminuindo a quantidade de pessoas que fumam. O que vem a corroborar com o que você falou, são marcadores socioeconômicos, por exemplo. A pessoa que tem pouco dinheiro, uma pessoa menos instruída, ela compra grãos porque é barato, compra farináceos, arroz etc. A pessoa que tem um pouco mais de dinheiro, ainda não tenho conhecimento de nutrição que deveria ter, por exemplo, ela acha que o grão integral é melhor, então ela acaba indo além. A pessoa que fuma um pouco menos, que vai comprar grão integral,vai na loja de produtos naturais, compra farinha integral, compra massa de pizza integral, tudo integral, paga mais, ela não vai no Walmart, no Mercadão Grande, ela vai no mercadinho um pouco menor, um pouco mais caro e daí acaba comprando essa coisa um pouco mais cara, essa pessoa vai fumar um pouco menos, essa pessoa vai se exercitar um pouco mais também, e os cara tem a pachorra de dizer que são grãos integrais, Doutor Souto, como é que fica?

Dr. Souto: Bom, uma coisa muito interessante é que um dos alimentos que eles avaliaram nesses questionários de frequência alimentar foi: pipoca.

Rodrigo Polesso: Sim, eu achei bizarro. Como assim? E foi o único que mostrou a menor de todas as associações, na verdade uma associação negativa no caso da pipoca.

Dr. Souto: Então, vamos pensar pessoal… Primeira pergunta: um grão integral é o grão que tem, além do seu endosperma, além do germe, tem a casca, isso é o grão integral, é o grão inteiro, a bolota inteira, o milho da pipoca é um grão integral, não é? É, é um grão integral, ele tem casca e tudo, é um grão integral, Acontece que se você perguntar para 10 pessoas: aveia integral é uma coisa saudável? 9 vão dizer que sim e uma delas escuta esse podcast. Se você perguntar: Pão integral 12 Grãos é mais saudável do que o pão branco? Todo mundo vai responder que sim. Agora se você perguntar: Pipoca? A maioria das pessoas não pensa em pipoca como “nossa, que coisa saudável, deixa eu comer mais pipoca porque isso vai aumentar a minha saúde”, as pessoas consideram pipoca como um lanche e tal, então, não existe associação na cabeça das pessoas com pipoca. E foi por isso pessoal, que a pipoca não foi associada com bons desfechos no estudo, a pipoca é tão grão integral, quanto aveia, a diferença é que as pessoas acreditam que aveia vai fazer bem, então pessoas que comem aveia são as que são os escoteiros do grupo, são as que têm bons comportamentos em relação ao resto todo que a gente falou, à álcool, cigarro, exercício e etc… Já as pessoas que comem pipoca, tanto faz, a pipoca não discrimina pessoas bem comportadas e pessoas mal comportadas no que diz respeito à saúde, já a aveia discrimina entre esses dois grupos. Então, se nós fizéssemos uma grande campanha de mídia, em mídia social e televisão por 20 anos, dizendo que brócolis faz mal e causa câncer, daqui a 20 anos você faz um estudo observacional e você vai descobrir que as pessoas que comem brócolis tem todos os piores desfechos e de fato tem mais câncer. Não porque brócolis causa câncer, mas só vai continuar comendo brócolis quem simplesmente não tá nem aí para saúde, então um estudo observacional  ele simplesmente reproduz os vieses e as crenças de uma época, é isso que as pessoas têm que entender. E poxa vida! Desde que o “Zé da Silva” da esquina não saiba isso, tá bem, mas os editores desses grandes periódicos deveriam saber, só que aí a gente descobre que o editor desse grande periódico acredita que o ser humano é herbívoro.

Rodrigo Polesso: É, exatamente”

 Dr. Souto: Não tem muito pra onde fugir Rodrigo Polesso, não tem muito para onde fugir!

Rodrigo Polesso: É por isso que eu digo: se as pessoas ficarem esperando, elas vão morrer fritas em óleo vegetal!

Dr. Souto: Então, assim, eu espero que a gente consiga, e acho que a gente tá conseguindo,porque volta e meia eu converso com algum paciente em consulta que diz que escuta os podcast e a pessoa diz assim: “olha eu agora já sei, eu vejo uma reportagem no jornal, na revista, eu vou ver se o estudo observacional ou se eu ensaio clínico randomizado, se é epidemiológico, então eu tenho esperança que a gente esteja causando um impacto que seja no pequeno percentual da população, que tá aberto a pensar, mas é dramático que a gente tenha que falar pela centésima vez nesse podcast que estudos observacionais de epidemiologia nutricional simplesmente comparam pessoas com hábitos mais saudáveis versus pessoas com hábitos menos saudáveis, e concluem: “ual, as pessoas com hábitos mais saudáveis, tem resultados melhores”, uma coisa que seria bem legal, é se um estudo desses aí botasse na tabela a renda, que se tornaria muito evidente, que os indivíduos que comem grãos mais integrais são os indivíduos de maior renda e maior escolaridade, que para mim essa é a grande variável, o que diferencia os grupos, o resto é derivado, é secundário. Coisas do tipo: fazer exercício ao ar livre, fazer atividades, acampar, fazer trilha e tal, para tudo isso precisa renda. Se a pessoa tá trabalhando em dois empregos, é uma mãe solteira, não tem tempo para fazer trilha, e também não tem grana para comprar coisas integrais em lojas de produtos naturais e tal, ela vai no supermercado mais barato, comprar um negócio na promoção, que é a farinha mais integral.

Rodrigo Polesso: É, exato. E tem outro ponto que eu não tinha chamado atenção, que é outra variável do estilo de vida, que mostra também justamente isso, o uso de multivitamínicos, porque na boa, é um assunto em si só, mas o grupo, o grupo que menos come em porcentagem dessa população, no grupo 1 é o grupo que menos come grãos integrais, 34.8 % em um banco de dados aqui das pessoas tomam multivitamínico, já do grupo 5, 50.5% tomam multivitamínico, então é mais uma coisa que vem corroborando a ideia do grupo 5 ter muito mais ciência e preocupação em ser uma pessoa mais saudável também, claro que é “chutar cachorro morto”, aqui a gente falou desses argumentos, mas pode ver que todas as coisas que vão adicionando corroboram perfeitamente isso que a gente está falando.

Dr. Souto: Corroboram. São várias linhas de evidência independentes mostrando a mesma coisa. Pessoal, multivitamínico não serve para nada, mas assim, é interessante no sentido de: quem são as pessoas que usam multivitamínicos? Pessoas que estão focadas em saúde e pessoas com maior renda também, que tem grana para gastar nisso aí, porque se a pessoa não tem dinheiro para gastar para pagar o aluguel ela não vai tá gostando e multivitamínico. Então, o fato é: tudo converge para mostrar que são grupos completamente distintos e repito: nós temos dados do Ministério Da Saúde no Brasil mostrando que simplesmente a diferença de renda e escolaridade já explica boa parte da incidência diferencial de diabetes entre estes dois grupos.

Rodrigo Polesso: Exato! Pessoal, vamos dar um passinho atrás, só para pensar no que a gente falou aqui: primeiro a gente abriu o podcast falando do editor-chefe do Jornal Americano de Cardiologia, que ele acha que nós somos herbívoros, ok?! E depois a gente falou desse péssimo, talvez o estudo não, mas péssimas conclusões, você entendeu o que a gente falou sobre esse estudo de Harvard, mas o ponto é: veio de Harvard, Escola Pública De Harvard, considerada a melhor universidade do planeta, então o jornal americano de Cardiologia e Universidade de Harvard, ok?! Eles estão completamente ponta-cabeça errados como a gente está vendo, corrompidos por ideologia, a minha pergunta para vocês (e eu não vou responder essa pergunta) é o seguinte: Pense no que tá acontecendo aí, pense nos outros órgãos grandes do mundo que vem falando coisas para gente hoje em dia do que que é certo que que é errado, pense e tente ter um senso crítico um pouco aguçado aí, e se questionar : O que será que pode estar errado do que tá vindo de altos escalões? Que tipo de autoridade que eu tô confiando hoje em dia que talvez não mereça tanto a minha confiança quanto deveria? É uma pergunta que eu acho que todos nós temos que fazer a nós mesmos, para não se enganar que uma posição de autoridade não significa uma posição de verdade. A gente tem que ter esse senso crítico aguçado, para poder nós nos protegermos, porque o nosso interesse é maior do que qualquer outra pessoa a respeito de nós, né.

Dr. Souto: Rodrigo, eu vou fazer mais uma observação, existe também a questão da plausibilidade, então vamos pensar o seguinte: se eu comer grãos, integrais ou não, que que vai acontecer com a minha glicose? Vai aumentar, para caramba! E se alguém tem dúvida disso, vai na farmácia, compra um glucosimetro, é baratinho, aquele troço de picar o dedinho e medir glicose… Meça a glicose, como duas fatias de pão integral e meça 30 minutos e uma hora depois, não precisa acreditar em nós. Então, qual a plausibilidade, veja bem, duas coisas eu vou perguntar: primeiro, qual a plausibilidade de que comer mais de alimentos que são basicamente amido, que é basicamente glicose, vai prevenir uma doença que é causada pelo excesso do consumo de glicose e que é piorada pelo excesso de consumo de glicose? Segundo, mais importante, existem dezenas de ensaios clínicos randomizados que mostram que a retirada, não apenas de grãos integrais, mas a retirada de todos os grãos, que a retirada dos amidos, estudos mostrando que uma dieta de baixo carboidrato é a que dá os melhores resultados nos diabéticos, o que é óbvio, porque você tá tirando a glicose de pessoas que não toleram a glicose, mas enfim, temos dezenas de ensaios clínicos randomizados mostrando que se você retirar os grãos você melhora e até consegue muitas vezes colocar em remissão, reverter quadro de diabetes, qual a plausibilidade que o mesmo grão que quando você tira, o Diabetes melhora, se você comer você previne?

Rodrigo Polesso: É, exatamente!

Dr. Souto: Sabe, às vezes a gente tem que usar a cabeça para algo que não seja somente o chapéu, é bom às vezes, a gente pensar nesse lado. Então, é impossível? Cara, impossível não é, mas é implausível. E aí com todos esses argumentos que a gente mostrou dos vieses, do fato de que os grupos não são comparáveis, existe um negócio chamado: navalha de occam, ele era, se não me engano, um clérigo da idade média que filosofava, e uma das coisas que ele chegou a conclusão é assim: se você tem diferentes explicações para o mesmo fenômeno, em geral, na natureza a mais simples, a mais enxuta dessas explicações é aquela que tem uma chance maior de ser verdade. Então, será que o grão integral, quando você tira ele da dieta, a glicose melhora, diabéticos dos quais você tira o grão da dieta a doença melhor a ponto de entrar em remissão, mas por algum mecanismo que nós ainda não entendemos, se você comer mais dos mesmos grãos você vai prevenir diabetes. Bom, essa seria uma hipótese, a outra é: os dados estão errados, não tá prevenindo diabetes nenhuma, você tá comparando pessoas que tem hábitos mais saudáveis com hábitos menos saudáveis, obviamente essa segunda explicação é mais parcimoniosa, ela é mais simples, ela com uma tacada explica tudo, ou seja, que o seu estudo é um “cocô”, mas é um “cocô” de Harvard, então a navalha de occam também pode ser utilizada. São estratégias de pensamento crítico que você que tá nos ouvindo pode usar para vida. Dá uma pesquisada nisso, procura lá Occam’s Razor, procura esses vieses, viés do paciente bem comportado, quem for lá no meu Instagram: JC Souto e clicar no link da Bio, ali uma das alternativas é como analisar um estudo científico e ali eu linkei uns 7 ou 8 artigos do meu blog, que explicam tim-tim por tim-tim como você faz para analisar um artigo desses, que nem eu e o Rodrigo fazemos aqui, é bom que você treine em casa.

Rodrigo Polesso: É, uma das coisas mais importantes que alguém pode fazer para sua vida é ter um senso crítico aguçado, uma das coisas mais importantes que você pode fazer para uma pessoa que tá nascendo agora, para o seu filho para uma criança pequena, é ensina-lo a ter pensamento crítico e senso crítico, isso pode salvar essa pessoa e dar uma independência para ela. Quando você sai dessa falácia de autoridade, começa a fazer o que a ciência mostra de verdade, você vê coisas muito estranhas acontecendo no corpo, por exemplo, quem mandou para gente a foto do antes e depois aqui, foi a Regina Toushie, ela falou: “Emagreci em 11 meses nada menos do que 29kg. Peso inicial era 94kg. Consegui eliminar medicamentos para diabetes e Hipertensão somente com alimentação. Além de sequelas de um AVC. Feliz da vida!”, a foto dela é incrível, antes e depois 29 kg perdidos, seguindo o quê? uma alimentação que é basicamente oposta a essa que Harvard vem propondo aí, que é uma alimentação baseada em ciência, rica em nutrição e baixa em balela, daí você tem esses resultados aí. Se você quer seguir esse passo a passo, com a minha ajuda, baseado em evidência, para emagrecimento com prioridade, você pode entrar em codigoemagrecerdevez.com.br para fazer parte do programa lá. Então, parabéns para a Regina pelos incríveis resultados aí! Doutor Souto, vamos falar aí de degustação, que que você está preparando para refeição que está chegando aí?

Dr. Souto: Então, não preparei nada ainda, acho que eu tô inclinado a dar um pulo no famoso açougue, aquele que faz churrasco, que tem aqui perto, e tenho uns tomatinhos aqui que vão combinar muito com as folhinhas de manjericão, tem um manjericão que eu crio, o problema é que eu tô comendo as folhinhas meio rápido, daqui a pouco eu tenho que comprar um segundo pé caso contrário vou matar ele…

Rodrigo Polesso: Você não tem coração pô…

Dr. Souto: Então, assim eu acho que a gente é muito cruel com as plantinhas também…

Rodrigo Polesso: Eu acredito também, a gente come pedaço a pedaço, né, imagina!

Dr. Souto: Uma tortura chinesa, vai tirando os pedacinhos, aliás vou dar uma dica para as pessoas que nos escutam:aqui: a gente não arranca as folhinhas do manjericão, a gente corta o caule, onde encontrar pelo menos duas folhas ali você corta o caule dali para cima, que depois aonde você cortou cresce dois caules novos, se você ficar só arrancando as folhinhas aí de fato ele morre. Tem técnica…

Rodrigo Polesso: Tem técnica! Que maravilha! Beleza! Então, você vai comer carne com folhas e tomate, tá ótimo. Maravilha! Tava pensando o que eu vou comer, uma carne moída de carneiro hoje aqui, eu como não tenho pezinho de manjericão, vou ficar devendo essa questão, mas eu gosto muito de manjericão é uma coisa muito saborosa realmente. O que iria bem com carneiro, a gente sabe é menta, um pezinho menta pra fazer chá, eu adoro chá de menta, ou uma menta com Carneiro fica muito gostoso também. Tem algumas ervas que são realmente muito boas, dão uma turbinada bacana no sabores aí. Maravilha! Beleza pessoal! Sigam a gente aí em todas as mídias que você consegue, não tem desculpa para não ficar conectado, para alimentar seu senso crítico, seu senso de informação também, siga lá Rodrigo Polesso nas mídias sociais, tem o Doutor Souto no telegram também, o Dr Souto lá, tem ablc.org.br, se você quer um acervo gigantesco de receitas e todas as palestras gravadas, os quatro eventos na Tribo Forte, que é uma base riquíssima de conhecimento, pessoal, pelo amor de Deus, dada pelos melhores profissionais do Brasil nas suas áreas, inclusive Doutor Souto também tá lá, é só você entrar em triboforte.com.br pega seu acesso, é um grande investimento, com risco zero, pode ajudar bastante na sua saúde. É isso pessoal, a gente vai tá aqui semana que vem com certeza, porque sempre tem assunto para falar, às vezes tem coisa boa, às vezes tem coisa ruim, mas sempre a gente tenta passar coisas que são úteis em ajudar você a chegar mais perto da sua melhor versão aí, com certeza. Doutor Souto, obrigado pela atenção! Então, a gente se fala no próximo episódio!

Dr. Souto: Obrigado! Um abraço e até a próxima!

Fonte: https://emagrecerdevez.com
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