Bem vindo(a) hoje a mais um episódio do podcast oficial da Tribo Forte!
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No Episódio De Hoje:
Neste episódio nós iremos falar sobre vários temas, começando:
- Respondendo 2 perguntas, uma sobre problemas na vesícula e lowcarb e outra sobre dislipidemia e lowcarb.
- Consumo de café e como isso pode afetar seu consumo de sal.
- A indústria do disfarce e o consumidor investigador (os disfarces do açúcar).
- Artigo sumarizando 23 ensaios clínicos randomizados que comparam low carb com low fat. O resultado é nocaute!
Espero que aproveite este episódio 🙂
Ouça o Episódio De Hoje:
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Referências
Artigo sobre o disfarce do açúcar e HFCS
Artigo sobre açúcar e seus disfarces na Gazeta Do Povo
Cafeína e sal (Dr. James DiNicolantonio)
(Video) Quebrando o Mito Do Sal
Artigo sumarizando 23 ensaios clínicos randomizados sobre lowcarb vs lowfat
Artigo do Dr. Souto sobre a vesícula
Artigo desmistificando o mito de “detox” de pedras na vesícula
Transcrição do Episódio
Rodrigo Polesso: Olá, bem-vindo. Pegue seu chazinho de camomila ou seu chá verde. Eu já peguei o meu aqui. Você está ouvindo agora o episódio de número 65 do podcast oficial da Tribo Forte. Hoje a gente vai responder duas perguntas da comunidade. Também vamos falar do disfarce do açúcar. A vítima somos nós, obviamente. Também vamos falar sobre a relação entre o café e o sal. Como assim, café e sal? E também um sumário bastante legal da ciência low carb versus low fat. Não tem mais como defender o lado errado da força. Dr. Souto, tudo bem por aí?
Dr. Souto: Tudo bom, Rodrigo. Boa tarde. Boa tarde para os ouvintes.
Rodrigo Polesso: Boa tarde para todo mundo. Como de praxe, temos duas perguntas interessantes. Muita gente pode tirar proveito das respostas. Acho que a gente pode cair matando nessas perguntas aqui. A primeira veio do Bruno Nunes. Ele falou o seguinte: “Corrija-me se seu estiver errado, mas em pessoas com problemas de vesicula, o organismo tem dificuldade em processar gordura, certo? Neste caso, quais seriam as orientações dentro de uma dieta low carb high fat (ou paleo) para essas pessoas? Muda alguma coisa? Gostaria de saber a opinião do Rodrigo e Dr. Souto sobre isso. Aproveito também para deixar meus agradecimentos por todo o conhecimento que vocês estão nos fornecendo com o excelente trabalho que estão fazendo.” Muito obrigado, Bruno. Dr. Souto, quer começar a rolar essa bola?
Dr. Souto: Vamos lá. Na realidade, a premissa inicial já não é bem verdadeira. As pessoas com problemas na vesicula não tem problemas de metabolizar ou digerir gordura. Tem uma série de animais que não têm vesicula. Como que funciona nesses animais? O fígado produz a bílis, cuja função é emulsificar as gorduras. Gordura e água não se misturam… A pessoa come um alimento que tem um pouco de gordura, para que aquela gordura consiga se misturar nos sucos gástricos que são aquosos, precisa de um detergente. A bílis serve a essa função. O fígado produz continuamente bílis, 24 horas por dia. Aumenta um pouco quando estimulado pela alimentação. Nos animais que têm vesicula biliar (o ser humano é um desses), a bílis que não está sendo usada naquele momento quando a pessoa está em jejum, por exemplo, ou quando a pessoa está comendo uma alimentação sem gordura alguma… Essa bílis vai se acumulando dentro da vesicula biliar. E na hora que a pessoa come alguma coisa com gordura, a vesícula se contrai, bola essa bílis para fora, para pode emulsificar aquelas gorduras. A primeira coisa que a gente deve entender é o seguinte. Se você quer que sua vesicula biliar não adoeça, você deve usá-la.
Rodrigo Polesso: Ou seja, nada de low fat.
Dr. Souto: Nada de low fat. Consumir alguma quantidade de gordura periodicamente. Isso vai fazer com que a vesícula se esvazie periodicamente. Uma das funções da vesícula é também concentrar a bile. A bile sai do fígado, não está sendo usada… Ela vai sendo concentrada dentro da vesícula. A bile vai absorvendo a água e deixando os sais biliares mais concentrados. Isso é mais ou menos quando vamos ao supermercado comprar um amaciante de roupas. Tem um pote de dois litros, mas tem um que tem 500 ml, mas é concentrado. A gente usa menos dele. Se eu nunca uso minha vesícula porque acho que nunca devo comer gordura… Faço uma dieta super low fat. Aquela bile vai se concentrando na vesícula, concentrando, concentrando… Até que ela empedra, literalmente. Então, a origem dos cálculos de vesicula está muito relacionada ao fato de ter uma dieta extremamente pobre em gordura. Vamos entrar num detalhe que eu acho que é o que na realidade nosso ouvinte quer saber. Quem já tem problema na vesicula. A pessoa passou a vida inteira seguindo a pirâmide alimentar, comendo pouquíssima gordura e encheu a vesicula de pedras – e agora? Aí realmente pode ser um problema. Cada vez que essa pessoa comer um alimento com um pouco mais de gordura, e a vesícula for se contrair para expelir a bile que está lá dentro, esse é o momento em que uma pedra pode entalar no canal da vesícula e provocar dor (uma cólica biliar). De vez em quando uma pedra é suficientemente pequena para descer pelo canal da vesicula e entalar no canal que é comum entre o fígado e o pâncreas, que se chama colédoco. Quando isso acontece, pode acontecer uma pancreatite biliar, que é uma situação potencialmente muito grave. Então, para aquelas pessoas que já têm cálculos na vesícula… Se é um cálculo que nunca incomoda… Especialmente se são pedras grandes… Porque as grandes nunca vão conseguir passar pelo canal e causar problemas… Eventualmente a pessoa pode continuar levando sua vida, comendo o que gosta. Ela nunca tem dor. O simples fato de ter duas ou três pedras grandes na vesicula não tem problema. Agora, se tem vários cálculos pequenos, eu consideraria fortemente a ideia de procurar um cirurgião e tirar essa vesícula e viver como todos os outros bichos que não têm vesícula (e vivem muito bem). Pessoas que retiraram a vesícula podem fazer uma dieta low carb sem nenhum problema. “Fiz uma cirurgia de vesícula na semana passada e agora vou comer uma alimentação com mais gordura.” Pode ser que você tenha um pouco de dificuldade de digerir gorduras num primeiro momento. Isso vai se manifestar como fezes frouxas, um pouco de diarreia, um pouco de gordura nas fezes. O intestino rapidamente se adequa a isso. Não é nenhum problema, nenhum impedimento. Por fim, Rodrigo, me lembrei de uma coisa. Tantas vezes perguntam no blog que vale a pela falar aqui. Existe um mito circulando pela internet de que pode ser feita uma limpeza de vesícula biliar, fazendo uma mistura de limão com não sei o que mais. Isso não existe. Isso é mito, pessoal. Todo mundo que já fez e eliminou pedrinhas esverdeadas… Aquilo não é cálculo de vesícula. É uma reação que ocorre entre essas coisas que são misturadas e s sais biliares que já estão dentro do intestino, que formam essas bolinhas. Isso está bem explicado num relato de caso publicado no Lancet. Eu mando o link para o pessoal conferir. Não caiam nessas coisas de pseudocientíficas, medicina alternativa e etc. A única solução para pedra na vesícula é retirar a vesícula.
Rodrigo Polesso: Infelizmente. O melhor seria evitar o problema, o que poderia ser feito com uma alimentação forte, alimentos de verdade e até mais low carb, high fat. Acho que é bacana saber disso aí. Só para enfatizar o que você falou, a mensagem principal é que o pessoal que tem o problema na vesícula não tem problemas em digerir gorduras. Não precisa se forçar a ter uma dieta low fat. Muita gente acha que está fadada a fazer uma dieta baixa em gordura por causa do problema da vesícula. Parece não ser esse o caso, não é verdade?
Dr. Souto: Isso aí. Na realidade, tem vários pacientes que que já não têm vesícula. É uma coisa relativamente comum fazer cirurgia de vesícula. O pessoal segue normalmente.
Rodrigo Polesso: Ótimo. Vamos para a próxima pergunta que é bastante interessante também. O Frederico pergunta o seguinte. “Para indivíduos que têm dislipidemia familiar ou coronariopatia, o que é mais deletério à saúde: o carboidrato ou a gordura?”
Dr. Souto: Essa pergunta, se não me engano, foi feita lá em Viçosa. Eu gostaria de ter mais evidência de ensaios clínicos randomizados para poder responder. Mas a gente tem usar o nível de evidência que a gente dispõe. A pergunta dele é para quem já tem dislipidemia ou para quem já tem coronariopatia. Vamos separar essas duas situações. Para quem dislipidemia – ou seja para quem tem alteração nos lipídeos – vai depender do tipo de dislipidemia. Se a dislipidemia for caracterizada por excesso de triglicerídeos e HDL baixo (que frequentemente acompanha), nesses casos com certeza, é muito pior consumir excesso de carboidratos do que excesso de gordura. Então, quando a dislipidemia é caracterizada por hipertrigliceridemia, a restrição de carboidratos é, sem dúvida uma das melhores alternativas. É extremamente eficaz. Quedas violentas de triglicerídeos com relativamente pouco tempo de intervenção (mesmo antes da perda de peso ocorrer). Essa é uma situação. Se a dislipidemia em questão é de LDL muito elevado (hipercolesterolemia). Nas pessoas que tem colesterol muito elevado nas custas de LDL, provavelmente evitar determinados tipos de gordura possa ser uma boa. Eu costumo dizer para os pacientes assim… Vamos, em vez de consumir muita manteiga, nata, banha de porco, costela gorda e esse tipo de coisa, vamos consumir mais peixe, nozes, castanhas, abacate, azeite de oliva – ou seja gorduras menos saturadas e mais insaturadas. Isso costuma ajudar bastante quem tem uma dislipidemia já caracterizada por LDL muito elevado. E os carboidratos? Restrição de carboidratos pode ser feita em qualquer uma dessas situações. Você pode fazer uma dieta com gordura saturada e pobre em carboidratos o uma dieta com mais gorduras insaturadas e ainda assim pobre em carboidratos.
Rodrigo Polesso: Eu tenho que ser advogado do diabo e dizer que essa questão do LDL é um desfecho substituto e ninguém sabe se nesses casos, vindo de alimentos de verdade o LDL mais elevado é deletério ou não à saúde. Foi como você disse… Tendo em mãos a evidência disponível.
Dr. Souto: Claro. Tendo o que a gente dispõem. Eu posso conseguir reverter a síndrome metabólica melhorar meus triglicerídeos perder peso e não necessariamente eu precisa ter um LDL super alto para que isso ocorra. Então, se eu tenho, geneticamente, uma tendência a ter dislipidemia e um LDL muito alto, eu posso manipular a composição da minha dieta e escolher tipos de gordura menos saturadas e vou ter uma elevação menor do LDL. A outra pergunta dele é sobre um paciente que já coronariopata. Eu entendo por coronariopata o sujeito que já enfartou, ou que tenha angina, ou que já colocou um stent… Que tenha doença coronariana estabelecida. Aí a gente tem alguma evidência. Não é de ensaio clínico randomizado, mas são evidências interessantes. Eu tenho uma postagem até bastante longa no meu blog especificamente sobre esse assunto. Eu acho que a gente pode linkar ela no episódio de hoje para quem quiser ler. Mas vou tentar resumir de cabeça. O Rodrigo não me avisa antes essas coisas. Ele me pega sempre de surpresa.
Rodrigo Polesso: Tem que ser no improviso, claro.
Dr. Souto: Quem sabe faz na hora, não é isso? Vamos lá. Existe um estudo em mulheres e existe um outro estudo em homens tentando responder essa questão. Eram pacientes já coronariopata. Não é um ensaio clínico randomizado mas eles analisaram o que essas pessoas que já tinham doença coronariana comiam e quais eram os desfechos. Tanto num dos estudos, que é em homens, quanto no outro, que é em mulheres, as pessoas que consumiam mais gordura e menos carboidrato tinham uma menor chance de ter um segundo evento coronariano. Vou repetir. As pessoas que consumiam menos carboidrato e mais gordura tinham uma chance menor de ter um segundo evento coronariano. É o oposto do que a maioria das pessoas pensa. Quem nos escuta há bastante tempo pode até imaginar as possíveis explicações. Que a síndrome metabólica seja um fator de risco mais importante para doença cardiovascular do que propriamente a questão de consumir gordura ou não. Como um dos melhores tratamentos para a síndrome metabólica é justamente uma dieta mais pobre em carboidratos e isso possivelmente explique porque essas pessoas que já têm doenças nas coronárias… Mesmo tendo doenças nas coronárias… Ainda assim têm desfechos melhores quando consomem menos carboidrato e proporcionalmente mais gordura. Não estou dizendo com isso que o coronariopata deva comer a carne mais gorda que ele encontrar. É sempre com bom senso. Vou repetir aquele negócio que a Nana Muller falou lá em Viçosa. Perder o medo da gordura… Não é para perder na noção. Perder o medo. Sim, existem estudos. Não é um ensaio clínico randomizado. Quando não temos ensaios clínicos randomizados, a gente pega o melhor estudo que tem logo abaixo desse em termos de nível de evidência. Vamos linkar essa postagem. Quem quiser se aprofundar nos assuntos pode ver os artigos originais.
Rodrigo Polesso: O pessoal tende a colocar o ringue para lutar… Carboidrato versus gordura. Esse não é o modo certo para se pensar no assunto. Não é só a respeito dessa pergunta. Quando começamos a falar que não é a gordura que é ruim, e que o carboidrato que é o vilão, as pessoas acham que devem competir um com o outro. Na verdade, carboidrato ruim que é ruim. Gordura ruim é ruim. Proteína ruim é ruim. Todos os macronutrientes são necessários Não precisa demonizar um macronutriente e colocar um alo na cabeça do outro nutriente. Todos são necessários e todos estão aí formando alimentos de verdade. Todos os alimentos de verdade tem uma proporção de todos esses. Temos péssimos exemplos de cada um deles. É importante a gente não demonizar um grupo inteiro de macronutrientes… Combatendo carboidratos versus gordura.
Dr. Souto: Esses estudos que eu citei, que a gente vai linkar a postagem no blog… Não é um ensaio clínico. Não tem um grupo fazendo uma dieta low carb e outro grupo fazendo uma dieta low fat. Não, eles pegaram e viram o que as pessoas comiam. Pessoas que já eram portadoras de doenças coronarianas e viram os desfechos. Um pouco mais de carboidrato e um pouco menos, mas ninguém estava fazendo uma dieta low carb. E ninguém estava fazendo uma dieta low fat. Não era um ensaio clínico. Não estamos demonizando nada. Acho que o principal é comida de verdade. Esse é o foco primário. Ainda hoje eu estava falando com uma pessoa no consultório. Como que define comida de verdade? É aquilo que tem na feira e no açougue. Ou seja, plantas e bichos. Quanto menos processamento e quanto menos industrialização tiver entre a fazenda e o prato, mais comida de verdade será. A expressão “comida de verdade” é agnóstica no que diz respeito a macronutrientes. Uma batata-doce é uma comida de verdade. E é puro carboidrato. Mas é comida de verdade.
Rodrigo Polesso: A batata-doce, pelo peso dela, é mais ou menos 20% de carboidrato e o resto é água. Predominantemente, sem a menor dúvida. Acho que dá para falar o podcast inteiro sobre essas perguntas. Acho que muita gente tinha dúvida sobre isso. Espero que tenha sido útil. Agora tenho alguns tópicos interessantes para a gente conversar. O primeiro é a indústria do disfarce e o consumidor investigador que temos que ser. Temos que começar a ser consumidores críticos e investigadores também. A indústria está fazendo de tudo para disfarçar as coisas que ela não pode mudar ainda. Por exemplo… Eu vi na internet hoje ainda. Nos Estados Unidos, o high-fructose corn syrup (HFCS)… Temos falado há muito tempo sobre isso já. Nos Estados Unidos isso é bem mais comum do que no Brasil. É um xarope concentrado de milho. É 45% glicose e 55% frutose. Ele é usado em muitos alimentos. Mas o pessoal começou a demonizar ele. Tem uma associação muito forte de um consumo exagerado disso com síndrome metabólica e etc. Agora parece que o FDA, que controla a alimentação nos Estados Unidos, aprovou que a indústria chame o high-fructose corn syrup de “natural sweetener”, ou seja, de “adoçante natural”. Você pode colocar isso no rótulo. Olha que interessante. O high-fructose corn syrup que é chamado de xarope de milho… Chama HFCS 90. Ele é 90% frutose. Agora ele pode ser denominado somente como “frutose” no rótulo. O high-fructose corn syrup, que as pessoas já sabem que não faz bem… Eles podem colocar no rótulo como “natural sweetener”. E esse mais concentrado, de 90%, em vez de chamar de HFCS, pode ser chamado só de frutose. O pessoal vincula frutose com fruta e não acham que é tão ruim assim. Com isso, os produtos podem orgulhosamente dizem que são “HFCS free”. Eles podem dizer que não contêm isso, porque aquela o nome é outro, mas o ingrediente é o mesmo. Olhe que absurdo. Isso não é isolado nos Estados Unidos. No Brasil a indústria do disfarce também está praticando sua arte com açúcar. A gente sabe que o açúcar está disfarçado nos rótulos com muitos nomes diferentes. Tem maltose, dextrose, xarope de milho, outros tipos de xarope, açúcar mascavo, sacarose, glicose, frutose, melaço e etc. Vou colocar um artigo da Gazeta do Povo de Curitiba. Eles colocaram 20 nomes que eles usam para denominar açúcar. Mas tem bem mais que isso no rótulo. “O pessoal acha que açúcar é ruim, então vamos chamar açúcar de dextrose, porque ninguém vai saber que dextrose significa açúcar.” Então, é a indústria do disfarce. O que vai combater isso é o nosso senso crítico de informação. Precisamos no tornar consumidores investigadores. É uma forma interessante de nós nos protegermos disso aí.
Dr. Souto: A indústria divide a cama com os governos e reguladores. Um dorme junto com o outro e não existe segredos entre eles. A gente tem que ter esse pensamos crítico. Novamente, eu aproveito o gancho para lembrar que aquela definição de comida de verdade… Aquilo que tem no açougue e na feita… A gente não tem esse problema. Nós só tem que nos preocupar com essas coisas se estivermos consumindo uma alimentação altamente processada. Ninguém será perfeito. De vez em quando alguém comerá uma coisa mais processada. Aí é abrir o olho. Talvez eu já tenha falado em algum podcast, mas vou dar um exemplo para vocês de uma dessas perversões de rótulo. Tem um determinado iogurte grego no Brasil que diz “zero açúcar”, mas diz “exceto o dos ingredientes” e um dos ingredientes é suco concentrado de maçã. Agora… Concentrado quanto? Eu posso fazer esse suco tão concentrado que ele seja basicamente açúcar de maçã, em vez de açúcar de cana.
Rodrigo Polesso: Podia ser o high-fructose corn syrup 90%. Poderia ser algo assim.
Dr. Souto: Podia ser algo assim, equivalente. Quem leu a letra grande, ela diz “zero açúcar”. Aí tem um asterisco que diz “exceto aquele nos ingredientes”. Esse asterisco transformou uma mentira, que é o zero açúcar, numa verdade (do ponto de vista legal). Mas o pâncreas não lê leis.
Rodrigo Polesso: Não, não lê. Com certeza. O pessoal que faz uma alimentação baseada em alimentos de verdade já está praticamente imune a esses problemas. Você só tem que ler o rótulo quando não consegue identificar que diacho está dentro daquele pacote. A gente lê rótulo para entender o que é aquela mistura dentro do pacote. Dá para cortar o mal pela raiz, ao tomar o atalho do alimento de verdade. Mais um alerta. A gente fala sempre do campo minado. Se você for consumidor comprando alimentos processados, procura glúten-free, sem gordura, sem açúcar, produtos processados… Você vai ter que andar nesse campo minado tentando adivinhar o que é verdade e o que é disfarce em tudo isso. Não é uma tarefa fácil.
Dr. Souto: Não é nem um pouco fácil. A gente leva algum tempo e passa por alguns enganos. Volta e meia alguém fala “eu já faço isso há algum tempo e não faço conta desse nome no rótulo”. A gente cai. Vou dar outro exemplo. A gente já mencionou em outros podcasts, mas só para lembrar o pessoal. A maltodextrina, que é um polímero de glicose. Comer maltodextrina ou comer farinha pura, comer maisena pura… Enfim, é 100% carboidrato. No entanto, tem vários adoçantes culinários… Por exemplo, stevia culinária… Aquela de servir de colher. Aquilo é 98% maltodextrina e 2% stevia. Consumir aquilo ali é o pior dos mundos, porque a pessoa está tendo todos os malefícios de consumir glicose pura sem o benefício, porque ainda vai consumir um negócio de gosto ruim. Quando eu falo isso para muitos diabéticos, eles ficam enfurecidos. “Poxa vida, como governo permite um negócio desse! Eu vejo que é zero açúcar e uso.” Pois é! Eu lhe devolvo a pergunta: como que o governo permite uma coisa dessas? Permite porque o lobista entregou essa legislação pronta para o legislador. A indústria dorme na mesma cama que o regulador. E isso não é só no Brasil. É nos Estados Unidos, como você citou… Em todo lugar. A gente tem que ter olho bom.
Rodrigo Polesso: A indústria move montanhas, realmente. O próximo assunto é uma relação entre o café e sal. Por que eu peguei esse assunto? Primeiro porque é interessante saber e também porque… O que a gente mais ouve falar sobre sal é para baixar o consumo… Que sal faz mal. Isso vem para corroborar o oposto disso. A gente já falou sobre sal. Se você quer ver especificamente, no episódio número 15 e episódio número 60. A gente falou sobre sal. Também tem um vídeo onde eu desmistifiquei esse mito do sal. É só procurar no YouTube por “mito do sal Emagrecer de Vez”, você vai achar. Enfim… É essa questão da cafeína com o sal. O Dr. James DiNicolantonio publicou o seguinte… Vou fazer uma tradução simultânea aqui. Se sabe desde 1910 que a cafeína aumenta a excreção urinária do sódio e do cloreto de sódio. Os estudos começaram em animais e continuaram em seres humanos. Um estudo mostrou que 90 miligramas de cafeína (a quantia equivalente a um copo de café) causou 437 miligramas de sódio extra a ser excretado na urina comparado ao grupo placebo. Eles continuam. Quando os participantes consumiram a cafeína equivalente a mais ou menos quatro copos de café, essa excreção aumentou para 1200 miligramas adicionais de perda de sódio na urina comparado com o placebo. Para colocar esse número em perspectiva, o limite original de ingestão que foi estabelecido pelas diretrizes americanas em 1977 era de 1200 miligramas por dia. Ou seja, se você toma quatro copos de café por dia, você está excretando extra 1200, que é basicamente o máximo que as diretrizes recomendam que você ingira, o que é muito baixo. Nunca ninguém avisou o público que a gente pode perder tanto sódio assim consumindo apenas quatro copos de café. Ele recomenda, inclusive, colocar uma pitada de sal no café. Eu nunca fiz isso. Confesso que não vou fazer. O sal você pode ingerir através da alimentação se você não tiver medo dele. Ele é autor de um livro chamado “The Salt Fix”. Ele traz a ciência do sal à tona. A gente sabe que hoje em dia tem muita gente que vai longe demais com o café, principalmente nos Estados Unidos, onde as pessoas tomam 4, 5 ou 6 copos por dia. É um diurético. Quem toma café sabe. Se, ao mesmo tempo você for seguir as diretrizes alimentares do seu país (seja no Brasil ou nos Estados Unidos), você está limitando já seu consumo de sal. Sal de menos a ciência mostra que é tão perigoso como sal exagerado. É um problema que acontece se as pessoas estiverem tomando café demais e se forçando a limitar o consumo de sódio no dia a dia.
Dr. Souto: De fato. Esse livro é um livro pelo qual estou esperando com bastante espectativa. Ele está em pré-venda. O livro é o The Salt Fix no DiNicolantonio. Ele é um cardiologista respeitado. Ele é editor de uma revista peer-reviewed chamada Open Heart. Ele está no board editorial de outras revistas médicas. Ele é um cara ativo no mundo da cardiologia e da pesquisa. Vou dar um pitaco. Eu não ganho nada com isso, vou deixar bem claro. Mas meu nome está citado lá no meio. Ele conversou comigo. Pediu um caso clínico de algum paciente. Eu mandei e ele disse que iria colocar. Vamos ver se está lá mesmo. O DiNicolantonio tem se dedicado muito a desmascaram esse mito do sal. O sal precisa ser restrito numa população muito restrita. São aquelas pessoas hipertensas e que são sensíveis ao sal. Nem todos os hipertensos são sensíveis ao sal. E mais do que isso… Hipertensos, sensíveis ao sal e que estão consumindo sal demais. Sal demais seria mais de 7 gramas. Não é essa quantidade minúscula que está nas diretrizes. É uma quantidade que… Desde que a pessoa não consuma um monte de alimentos processados… O tema hoje é alimentos processados… Desde de que a pessoa não consuma um monte alimentos processados, o sal do saleiro não chega nessas quantidades tão grandes. Esse detalhe do café… Eu vi essa postagem do DiNicolantonio e achei muito interessante. Eu também nunca tinha ouvido falar. Isso pode ser mais relevante ainda para aquelas pessoas que fazem jejum intermitente e durante o jejum toma café para caramba. Imagine… A pessoa não está consumindo sal algum… Não está consumindo nada, porque está em jejum… Só tomando água e tomando café… Excretando quantidades elevadas de sódio. É claro que vai dar dor de cabeça, tontura, sintomas. Fica mais uma vez a dica. Quem optar por fazer jejum intermitente, repor os eletrólitos. Faze ruma sopa, um caldo, um salgado. Consumir isso durante o jejum. Você está repondo aquele sódio que normalmente seria perdido. Como a maioria das pessoas consomem café na circunstância de jejum, vai repor esse sódio extra que estará sendo perdido. É uma bela dica do DiNicolantonio. Estou bem curioso para ver esse livro. Faz pelo menos um ano e meio que ele vem postando no Twitter todo santo dia artigos e mais artigos científicos sobre sal. Alguns artigos que ele botou no Twitter são os anos 20 ou 30. Ele foi nos últimos 100 de pesquisa sobre sal. Esse livro será, com certeza, a fonte mais autorizada em termos de pesquisa sobre o assunto.
Rodrigo Polesso: Só se pode esperar que os órgãos façam uma revisão da evidência. Mas não vamos ser tão esperançosos assim.
Dr. Souto: Eles sempre fazem… Só que não.
Rodrigo Polesso: Só que não. Exatamente. Outra coisa que eles não fazem revisão e já passou do tempo já é essa questão do low fat e low carb. Esse é o terceiro assunto do qual falaremos aqui. Tem um artigo em que sumarizaram 23 ensaios clínicos randomizados publicados em jornais respeitados que compararam a dieta low carb com a dieta low fat. Ele sumarizou vários pontos desses artigos. No final ele fez alguns remarques a respeitos de vários pontos interessantes, tais como colesterol, perda de peso e etc. Não tem suspense nenhum. Você deve imaginar que low carb ganhou praticamente todos os aspectos. E realente é verdade. Mas eu queria ler para vocês alguns desses remarques que eles fizeram a respeito desse alto nível de evidência. Sobre a perda de peso, eles falam o seguinte. Os grupos que fizeram low carb frequentemente perderam de 2 a 3 vezes mais peso do que os grupos de low fat (baixa gordura). Algumas instâncias não tiveram perdas significativas. Na maioria dos casos as calorias foram restritas nos grupos de baixa gordura, quanto os grupos de low carb podiam comer quanto eles quisessem. Quando ambos os grupos restringiram calorias, o grupo de low carb ainda perdeu mais peso – não em todos estudos, mas na maioria deles. Teve um estudo em que o pessoal do low fat perdeu mais peso, mas a diferença era pequena e não era estatisticamente significante. Esse tipo de estudo que o pessoal da oposição gosta de colocar o foco em cima. Mas isso não é nem estatisticamente significante. Não dá nem para falar muito a respeito. Em vários estudos a perda de peso foi maior no começo da intervenção. As pessoas começam a reganhar o peso quando abandonam a intervenção (abandonam a dieta). Quando você olha para a gordura visceral (abdominal), o pessoal do low carb tem uma vantagem clara. Eles perderam mais gordura visceral do que o pessoal do low fat. Dr. Souto, a gente já sabia disso. Acho que não tem nenhuma novidade aqui, nem para nós, nem para ninguém que está acompanhando nosso trabalho há muito tempo. Mas são 23 ensaios clínicos randomizados de alta qualidade mostrando uma vantagem claríssima da low carb comparada a low fat. Estávamos falando de revisão dos órgãos de diretrizes. Não o que estão esperando mais para que isso aconteça.
Dr. Souto: Quando a gente compara ensaios clínicos é um home run total a favor do low carb. Eu tenho expresso dessa forma que eu tenho dito aqui. Quando teve nosso evento em Viçosa, foi dessa forma que eu coloquei. Eu realmente acho que essa é a forma que devemos colocar. Não estamos com isso querendo dizer que todo mundo deva comer low carb ou que low carb seja a única forma de se alimentar. Não é isso. Nós queremos que low carb ganhe seu devido lugar no clube seleto das dietas recomendadas pelas diretrizes. Nós temos um clube. É uma panelinha. Nessa panelinha tem a dieta low fat, tem a dieta mediterrânea, tem a dieta vegetariana e deu. Low carb tem um monte de estudos dizendo que ele é melhor. Por que ele não pode entrar pelo menos como igual com os outros? Acho que essa é a boa briga a ser conduzida. Eu concordo que daqui a pouco as pessoas não queiram sugerir low carb para seus pacientes ou que a pessoa não queira seguir low carb para si porque não gosta, não gosta do tipo de alimento. Tudo isso eu entendo. Mas é inaceitável… Com isso que você acabou de ler agora, que em 2017, a gente ainda esteja debatendo se low carb funciona ou não. Não é uma coisa que estaria mais posta a ser discutida. A próxima evolução das diretrizes é a incorporação dessa estratégia como uma das alternativas. No momento em que essa estratégia estiver entre as alterativas, automaticamente ela passa a ser ensinada nas universidades, passa a ser ensinada nas escolas. Os profissionais que querem adotar deixam de ter medo de falar nisso por receio de serem denunciados ao Conselho Regional de Nutrição. É isso que acontece hoje em dia. Eu de vez em quando recebo um email ou um contato de nutricionistas que dizem, “eu não torno público porque tenho receio, mas já estou aplicando nos pacientes do meu consultório.” É muito ridículo que uma estratégia que tenha tanto nível de evidência mostrando sua eficiência, sugerindo a superioridade, tenha que ser praticada às escuras, nos becos. A pessoa que fizer às claras corre o risco de ser apedrejada como não crente na Arábia Saudita.
Rodrigo Polesso: Exatamente. É interessante notar que, para implantar o dogma atual do low fat, nunca teve essa quantidade de evidência. Nunca foi comprovado, sem dúvida alguma, que o low fat era melhor. Nunca foi. Só que agora, para a gente sair dos becos e começar a andar nas ruas, disseminando essa questão de low carb e alimentação de verdade, precisamos de um nível de evidência que não precisa para mais nada. O que mais a gente precisa além desses ensaios clínicos randomizados, por exemplo?
Dr. Souto: Eu estava pensando numa analogia que é assim… Imagine que quando você foi morar num condomínio, você só tinha um fusca velho. Agora chega um sujeito com um carrão e também quer entrar no condomínio. Aí você diz, “Não. Aqui nesse condomínio só entra quem tiver Ferrari.” Quando todo mundo entrou no condomínio, todos tinham carros chinelões. Mas agora para o novo entrar, ele tem que ter a Ferrari. Quando se formou esse clube das estratégias alimentares tradicionais, o nível de evidência existente era virtualmente zero. Aí podia entrar sem evidência. Mas agora que existe um novo candidato a entrar nesse clube das dietas saudáveis, esse novo candidato, o low carb, vem carregando dezenas de ensaios clínicos randomizados. “Mas não basta. Eu preciso de mais dezenas de ensaios clínicos. Ensaios clínicos que durem 10 anos. Esses que duram 3 anos não nos bastam.” Sendo que o cara que está dizendo isso – o low fat – não tem nenhum ensaio clínico mostrando que ele é melhor e tem dois mostrando que ele é pior no longo prazo. Então, que telhado de vidro tem esse senhor low fat para querer jogar pedras no low carb?
Rodrigo Polesso: A mudança virá da gente.
Dr. Souto: O que eu costumo comentar com profissionais da nutrição quando converso sobre o assunto… Quando a gente vai falar sobre mecanismos… De que forma o low carb beneficia o diabético, de que forma low carb beneficia o obeso, de que forma low carb beneficia quem tem síndrome metabólica… A discussão pode ser travada no campo da ciência, fisiologia, bioquímica. Mas quando vamos explicar isso que acabamos de conversar… Porque que as coisas ainda não foram aceitas nas diretrizes… A discussão não é em nível de bioquímica ou nível de ciência. É em nível de psiquiatria. Entender porque as pessoas tem dificuldade de mudar suas cabeças. É em nível de sociologia. É em nível de política, de história de interesses econômicos. A discussão deixa de ser científica. Se fosse científica, o que você acabou de ler acaba com o assunto.
Rodrigo Polesso: Já teria acabado. Contra fatos não há argumentos.
Dr. Souto: Tem uma outra postagem recente que coloquei no blog. Tem uma tabela de uma organização sem fins lucrativos britânica que compilaram 57 ensaios clínicos randomizados. Eles mostraram que tem alguns que não mostram diferença. Tem uns 27 desses que mostram que low carb é melhor. E tem zero que mostra que low fat é melhor. Ou seja, acabou a discussão. A discussão do ponto de vista científico já se encerrou. Porque estamos perdendo nosso tempo falando sobre isso e não sobre fotografia, que é uma coisa que você gosta? Porque a gente tem fé de que vai mudar. A explicação para não ter mudado ainda é psiquiátrica, econômica, histórica, política. Se fosse ciência… Tem 27 mostrando que uma é melhor e zero mostrando que a outra é melhor. Então vamos adotar essa daqui que funciona melhor.
Rodrigo Polesso: Nosso objetivo aqui é que, pelo menos o pessoal que a gente consiga atingir com essa informação possa tomar atitude. Possa adotar os hábitos. Com isso, uma pessoa tem sucesso, passa para a frente, passa para os familiares, para os amigos. Com isso, vai gerando uma demanda e com o tempo será impossível de se segurar. A gente sabe que se tem uma coisa que muda indústria, que muda política, que muda o país, é a geração de demanda pela população. Não tem como segurar isso. Acho que a gente está no caminho certo. Só quero completar com os outros pontos desse artigo que falei em relação ai HDL, por exemplo, nessa compilação de estudos. Ele fala que o HDL, geralmente, nas low carb, aumenta. O HDL, que é o colesterol “bom”. Enquanto não muda muito na low fat e em alguns casos ele abaixa. O LDL, em média, não aumenta. Os triglicerídeos, a queda é muito maior no low carb. A gente já sabe disso. Outra coisa interessante é quantas pessoas estudadas chegaram no final do estudo. Tem muitas pessoas que usam o lado negro da força e diz que low carb é difícil de se seguir. Mas nessa compilação, por exemplo, 79% das pessoas chegaram até o final do grupo de low carb e 77%do low fat chegou até o final. O pessoal do low carb teve uma diferença pequena, mas ficou um pouco mais no estudo do que o pessoal de low fat. Não tem muito argumento. Não foram reportados efeitos adversos em nenhuma dessas dietas. Larga o microfone. Acabou o show. Não tem muito a discutir no ramo científico mais.
Dr. Souto: O argumento de que com o tempo as pessoas tendem a largar… Isso é verdade, infelizmente, em tudo em mudanças de estilo de vida. Por que as academias de ginástica gostam tanto desses contratos de prazo mais longo? Porque eles sabem que mais da metade das pessoas vão desistir em poucos meses. É um fato da vida que as pessoas tendem a voltar para suas zonas de conforto. Isso é um motivo para eu não advogar algo que funciona? Então tenho uma nova política. Como a maioria das pessoas que deixam de fumar, voltam a fumar… 90 e poucas porcento das pessoas que tentam fumar voltam a fumar… Então, não vou mais recomendar que as pessoas parem de fumar.
Rodrigo Polesso: Essa é a mesma lógica que estão usando.
Dr. Souto: “Mas a maioria dos fumantes volta a fumar. Simplesmente não vou mais dizer que fumar faz mal.” Não, não é? Ninguém faz isso. O certo, o correto, o ideal é que você pare de fumar. Não preciso nem estender a analogia. Ela é óbvia. Se eu tenho uma estratégia que funciona… Sim, eu sei que é mais fácil fazer uma dieta chamada “dieta nenhuma”. Essa é muito fácil de se fazer. Isso não deve impedir uma coisa que funciona só porque a maioria das pessoas acabam não seguindo em longo prazo. Sinto dizer que isso é verdade para tudo. É verdade para as pessoas controlarem seus gastos. “Primeiro de janeiro. Vou começar a controlar meus gastos e tudo que ganho.” Algumas pessoas podem fazer isso o resto da vida. Outras não conseguem. Quer dizer que ninguém deve controlar gasto nenhum? Às vezes eu penso que o grande problema é que não se ensina, ou não se aprende, pensamento crítico e lógica. Lógica no sentido de como organizar os pensamentos. Da mesma coisa que no colégio a gente aprende a fazer álgebra e aritmética. Eu tenho lá “X+5=12”. Eu faço a conta. Existe uma coisa chamada lógica… Em vez de a gente fazer com número, a gente faz com argumentos. Falta ensinar isso. Se as pessoas pensassem com lógica, não falavam determinadas bobagens.
Rodrigo Polesso: Vou dizer também que falta um pouco de inteligência emocional. Um pouco mais de consciência sobre o comportamento humano que é muito mais previsível do que a gente imagina. Quando temos consciência de quanto previsível é o nosso comportamento, a gente consegue entender mais, com mais lógica os nossos hábitos e o porquê de não seguirmos com os hábitos. O método funciona, mas, infelizmente, tem que ser aplicado para se ter resultado.
Dr. Souto: Com certeza.
Rodrigo Polesso: Para gente fechar, o que você degustou na sua última refeição?
Dr. Souto: Hoje no almoço eu degustei um estrogonofe de carne com palmitos. Acho que da outra vez eu já tinha falado isso, mas foi um outro. Não era o mesmo.
Rodrigo Polesso: Com abóbora eu acho que você tinha falado.
Dr. Souto: Esse não era dentro da abóbora. Isso aí, mais uma salada, um bife. Hoje eu estava com fome e comi bastante.
Rodrigo Polesso: Que beleza. Eu não comi quase nada. Estamos há uma semana no Canadá num parque chamado Bruce Peninsula National Park. É um lugar bem legal na região dos grandes lagos. A gente alugou uma casa na beira do lago. A gente foi fazer uma trilha hoje de manhã. O que eu comi foi um pacote de beef jerky, só para repor um pouco da proteína e do sal. Não teve muito almoço.
Dr. Souto: Beef jerky, para quem não conhece, é tipo uma carne seca bem temperada. Tem para vender nos Estados Unidos e Canadá. Muitos têm açúcar, mas sabendo procurar, encontramos alguns que tem pouco açúcar.
Rodrigo Polesso: Eu estava comentando nos meus vídeos que faço no Instagram. Aqui tem um grill. Deixar um homem paleo ou da alimentação forte feliz é muito fácil. É só dar um grill e um pedaço de carne. No máximo eu coloquei uma cebola, um pimentão e um abacate. Mas não tem jeito mais fácil de se fazer uma alimentação completa. Eu tenho usado o grill para queimar uma carne, um peixe, um salmão. Pega uma cebola na metade, põe em cima do grill ou reparte um pimentão na metade. Pega um abacate para complementar… O que mais é necessário? É muito simples, na verdade. Dr. Souto, vamos fechar esse episódio, então. Um grande abraço para todo mundo. Obrigado por escutarem. Se você quer fazer parte da Tribo Forte, você pode entrar em TriboForte.com.br. Junte-se à essa família. Esse movimento que está mudando a saúde no Brasil. Obrigado, Dr. Souto. A gente se fala no próximo episódio.
Dr. Souto: Obrigado. Até a próxima semana. Tchau tchau.